A história de um bairro

Uma coisa diferente que aconteceu na minha quarentena é que eu pude conhecer um lado diferente do meu bairro, pois, eu me mudei para cá, há quase dez anos, e sempre segui os mesmos caminhos. Então, eu nunca passava por algumas ruas, nunca tive a oportunidade de, realmente, passar mais tempo em algumas ruas. Essa coisa corrida: tinha que chegar na faculdade, na escola, em tudo quanto é lugar. E, aí, como a gente está trancada em casa, pelo menos, uma vez por semana, eu saio do meu prédio para tomar um sol, e, então, eu decidi fazer isso em regiões um pouquinho mais arborizadas, porque ninguém é de ferro, né? Senão, ia ficar super vermelha. E, então, eu descobri que tem um cemitério perto da minha casa, não muito perto, e que nesse cemitério tem umas casinhas próximas, e que, nessas casinhas, as pessoas cuidam de galinhas. Então, tem um monte de galinha andando tranquilamente por esse terreno que é um cemitério inter-religioso assim. Então, tem história, pessoas diferentes, credos, foi um dos primeiros, aqui, de São Paulo. E, sei lá, passo por lá e sempre fico fascinada, porque é bom ver um pouquinho de animais diferentes por São Paulo que é uma cidade tão fria. Eu já tinha visto galinhas andando pelo bairro e nunca entendi como isso tinha acontecido. Mas acho que, agora, tem uma explicação nova para essa teoria, e minha visão sobre o meu bairro mudou bastante. Quem diria, justo quando eu estava trancafiada, eu tive a oportunidade de conhecer, tranquilamente, essa parte que eu não tinha tanto contato. E, na verdade, andar perto do cemitério, me dá um negócio bem calmante, não me dá medo, e é um cemitério. Faz tempo, então, não tem novidades. Eu me divirto bastante e bate um sol agradável.