Uma carta
PREFÁCIO
Escrever uma carta tem lá seus encantos. Se é que dá pra falar desse jeito.
É como ler um livro porque ela pode revelar coisas só no final como uma trama que precisa ser desvendada.
Geralmente uma carta inicia com uma saudação e lá pelas tantas essa trama se desenrola e pode até virar uma tragédia.
Sempre que escrevi uma carta, pensei no passo a passo e na culminância, no gran finale, para só então pensar na despedida. Sabe-se lá quanto tempo a pessoa que recebeu a carta levou ou levará para recebê-la e lê-la. Quanto tempo a pessoa, o destinatário, levará para responder com uma outra carta, se é que essa resposta irá acontecer algum dia. Isso pode levar dias, semanas e até meses.
Há cartas que nunca serão respondidas e há cartas que vão impactar. Há cartas que serão ignoradas e há cartas que vão alegrar imensamente o coração de quem a recebeu. E a pessoa que recebeu, não conseguirá conter a sua alegria (até mesmo a tristeza - quando for o caso) e logo sairá contando e espalhando a(s) notícia(s) referente a tudo o que leu.
Os pombos correio que o digam. Tarefa nada fácil deve ser pra eles driblar os gaviões que lhes ameaçam a vida.
Tarefa que exige de qualquer pombo mensageiro/correio habilidades que outros pombos não possuem.
Nosso amigo e criativo escritor Flavinho reúne muitas qualidades que o pombo mensageiro/correio não possui porque o pombo só tem que chegar ao seu destino. Nada mais.
Flavinho brinca com as palavras e vai encadeando um assunto no outro com muita maestria. Para além de ser criativo, ele consegue envolver quem lê seu texto de tal forma que só consegue parar de ler quem tem pouco tempo para ler. Quem tem mais tempo e disposição quer findar, quer chegar no desfecho da carta para saber a quem ela realmente se destina e o que ele, com suas inferências, quer instigar o leitor a pensar.
Quisera eu ter essa...
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PREFÁCIO
Escrever uma carta tem lá seus encantos. Se é que dá pra falar desse jeito.
É como ler um livro porque ela pode revelar coisas só no final como uma trama que precisa ser desvendada.
Geralmente uma carta inicia com uma saudação e lá pelas tantas essa trama se desenrola e pode até virar uma tragédia.
Sempre que escrevi uma carta, pensei no passo a passo e na culminância, no gran finale, para só então pensar na despedida. Sabe-se lá quanto tempo a pessoa que recebeu a carta levou ou levará para recebê-la e lê-la. Quanto tempo a pessoa, o destinatário, levará para responder com uma outra carta, se é que essa resposta irá acontecer algum dia. Isso pode levar dias, semanas e até meses.
Há cartas que nunca serão respondidas e há cartas que vão impactar. Há cartas que serão ignoradas e há cartas que vão alegrar imensamente o coração de quem a recebeu. E a pessoa que recebeu, não conseguirá conter a sua alegria (até mesmo a tristeza - quando for o caso) e logo sairá contando e espalhando a(s) notícia(s) referente a tudo o que leu.
Os pombos correio que o digam. Tarefa nada fácil deve ser pra eles driblar os gaviões que lhes ameaçam a vida.
Tarefa que exige de qualquer pombo mensageiro/correio habilidades que outros pombos não possuem.
Nosso amigo e criativo escritor Flavinho reúne muitas qualidades que o pombo mensageiro/correio não possui porque o pombo só tem que chegar ao seu destino. Nada mais.
Flavinho brinca com as palavras e vai encadeando um assunto no outro com muita maestria. Para além de ser criativo, ele consegue envolver quem lê seu texto de tal forma que só consegue parar de ler quem tem pouco tempo para ler. Quem tem mais tempo e disposição quer findar, quer chegar no desfecho da carta para saber a quem ela realmente se destina e o que ele, com suas inferências, quer instigar o leitor a pensar.
Quisera eu ter essa habilidade. Parabéns amigo!
O pombo-correio pode voar a 80 km/h e é muito forte. Pesa entre 425 e 525 gramas. AVE SALVOU VIDAS NA GUERRA - O uso de pombo-correio é muito antigo. Desde 42 a.C, era usado para levar mensagens a lugares distantes, em razão da falta de comunicação na época.
Ana Affonso - professora
Pombo correio
Canção de Moraes Moreira ‧ 1977
Pombo-correio, voa depressa
E essa carta leva para o meu amor
Leva no bico que eu aqui fico esperando
Pela resposta, que é pra saber se ela ainda gosta de mim
Pombo-correio, se acaso um desencontro
Acontecer, não perca nem um só segundo
Voar o mundo, se preciso for
O mundo voa, mas me traga uma notícia boa
Pombo-correio, voa ligeiro
Meu mensageiro, e essa mensagem de amor
Leva no bico que eu aqui fico cantando
Que é pra espantar essa tristeza que a incerteza
Que o amor traz
Pombo-correio, nesse caso eu lhe conto
Por estas linhas a que ponto quer chegar?
Meu coração, o que mais gosta
Volta pra mim, seria \\\"sim\\\" a melhor resposta
Pombo-correio, voa depressa
E essa carta leva para o meu amor
Leva no bico que eu aqui fico esperando
Pela resposta, que é pra saber se ela ainda gosta de mim
Pombo-correio, se acaso um desencontro
Acontecer, não perca nem um só segundo
Voar o mundo, se preciso for
O mundo voa, mas me traga uma notícia boa
Pombo-correio, voa ligeiro
Meu mensageiro e essa mensagem de amor
Leva no bico que eu aqui fico cantando
Que é pra espantar essa tristeza que a incerteza
Que o amor traz
Pombo-correio, nesse caso eu lhe conto
Por estas linhas a que ponto quer chegar?
Meu coração, o que mais gosta
Voltar pra mim, seria assim a melhor resposta
Fonte: Musixmatch
Compositores: Antonio Pires / Osmar Macedo / Adolpho Antonio Nascimento
Letra de Pombo correio © Warner/chappell Edicoes Musicais Ltda, Latino Editora Musical Ltda.
INTRODUÇÃO
Este texto foi escrito para meus filhos e netos, afinal, uma carta (e esta em especial) tem múltiplas razões de ser escrita como tantas outras e a que foi escrita pela Olga Benário que dizia: “Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo”. Estas foram as últimas palavras escritas por ela dirigidas para a filha, um dia antes de ser executada nas pútridas câmaras de gás dos nazistas. Talvez fosse verdade, talvez não. Talvez ela de fato acreditasse nisso, talvez nem tanto. Nada disso mais importa. O que importa é que ela foi presa pela polícia política da ditadura de Vargas, comandada pelo monstruoso Filinto Müller. Olga foi então torturada antes de ser entregue para a morte certa na Alemanha de Hitler, mesmo estando grávida. Além de comunista, Olga era judia. Sua extradição, portanto, foi um ato cruel tanto jurídica como moralmente: uma condenação à morte, sem julgamento. Mas concretizou-se em 1936. No cárcere, a resistência de Olga virou assunto de documentação interna da Gestapo que, aliás, nunca arquivou tantos dossiês sobre uma só pessoa; o “Processo Benário” é composto de mais de 2000 páginas.
Depois do fracasso da Intentona Comunista, no Brasil, em 1935, Olga foi presa e deportada, ficando confinada então no campo de concentração feminino de Ravensbruck. Lá, Olga dava aulas de história e ginástica para suas companheiras de prisão, tentando diminuir o sofrimento da tortura – pois as detentas viviam como escravas e estavam sujeitas a experimentos médicos. Olga Benário foi assassinada em 23 de abril de 1942, há exatos 83 anos, e sua extradição ainda serve como exemplo para ilustrar a vilania e frieza da ditadura de Vargas.
A primeira carta lida por Anita (enviada via correio?) foi a de Luiz Carlos Prestes dirigida à sua mãe Leocádia, que estava no México, em novembro de 1940. Uma preciosidade histórica, na qual Prestes revela de si uma tenacidade fora do comum e um espírito de humildade e esperança. Em nenhum momento percebe-se palavras de desalento e a vontade de desistir. Ele tinha sido condenado já por 16 anos e oito meses de prisão e quando escreve a carta soube de uma nova sentença que lhe condenava a cumprir mais 30 anos, num total 46 anos de prisão.
CAPÍTULO I
O vilão que se tornou um ícone
Os chamados “anos de chumbo” foram sem sombra de dúvidas os piores anos do Brasil, mas o período Vargas, principalmente o da ditadura dele, também foi tenebroso.
A EBCT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos foi fundada em 25 de janeiro de 1663 e com o passar dos séculos se tornou uma empresa gigante. Tão gigante que na era Vargas, passados quase 300 anos de sua fundação, era usada como um veículo de informação e desinformação. Mais como desinformação? Provavelmente porque os órgãos de imprensa, os que o governo Vargas manipulava, usavam esses canais para espalhar suas ideias. O DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda criado em dezembro de 1939 certamente utilizava também a EBCT para seus propósitos, muito embora isso nunca tenha sido sequer mencionado nos livros oficiais que contam a história do país, da própria EBCT e deste período em particular chamado de Estado Novo.
Uma imprensa que foi literalmente amordaçada igual ao que aconteceria exatos 20 anos após a morte de Olga Benário.
Ironicamente essa empresa EBCT passou a ser uma empresa pública exatamente nos primeiros anos da ditadura empresarial militar. A história da EBCT começa em 1969, com a transformação do Departamento de Correios e Telégrafos (DCT) em uma empresa pública. Desde então, a ECT tem sido responsável por modernizar e universalizar os serviços postais no Brasil, com foco em celeridade, segurança e satisfação do cliente.
Lendo sobre a história desta empresa pública nos deparamos com uma história de uma empresa pública de sucesso, apesar desta empresa já ter sido quase privatizada por razões que aqui não serão citadas. Os Correios são a única empresa pública federal presente em todos os municípios brasileiros, oferecendo diversos produtos e serviços de apoio ao governo como operador logístico, como a inscrição e regularização do Cadastro de Pessoa Física (CPF), serviços bancários de saque e transferências nas regiões que não dispõem de agência bancária, apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS) distribuição de vacinas e remédios para regiões de difícil acesso no país, distribuição de livros didáticos do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) para as escolas do país, entrega de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), dentre outras atividades de caráter social.
As agências dos Correios também realizaram cadastramento do Auxílio Emergencial para a população sem acesso aos meios digitais durante a pandemia.
Por óbvio que a carta escrita por Olga Benário à sua filha não chegou até as mãos dela via correio. Diferente da carta testamento do Vargas que deu fim a sua própria vida no final de seu último mandato. A Carta-testamento de Getúlio Vargas é um documento endereçado ao povo brasileiro escrito por Getúlio Vargas horas antes de seu suicídio, na data de 24 de agosto de 1954. Existe uma nota manuscrita de suicídio, diferente da \\\"Carta-testamento\\\", da qual se conhecem três cópias, que foi divulgada mais tarde.
Esta carta sim chegou nos mais longínquos municípios do país e a própria imprensa se encarregou de fazer isso porque a carta dele foi impressa nos jornais da época. A EBCT, “cumpriu seu papel” e deu uma mãozinha.
CAPÍTULO II
As cartas que se perdem e as cartas surpresa
A carta do “vilão Vargas” ou do “ estadista e pai dos pobres Vargas”? foi uma carta surpresa e certamente surpreendeu o país e ecoou muito longe. Quase não temos notícias, aqui no Brasil, de nenhuma carta tão bombástica quanto esta.
Imaginemos que cartas com um teor não tão bombástico nunca chegaram ao seu destino como as que os presos enviavam pelo serviço de correio dos presídios. Um serviço que durante algum tempo não foi alvo de desconfiança. Ou sempre foi?
Numa consulta rápida ao google estava registrado o que segue, ipsis litteris: “O envio de correspondência para presídios é permitido, mas está sujeito a regras específicas de cada unidade. É fundamental verificar as normas de cada presídio, pois algumas podem ter restrições adicionais, como análise e possível censura do conteúdo da correspondência.”
Se é permitido violar correspondências só saberemos se, perante uma pesquisa apurada, concluirmos que os congressistas atuais já deliberaram alguma vez sobre esta matéria.
À Olga Benário pode ter sido dada a chance de escrever algo para sua filha que não causasse. Podem ter condicionado a entrega da carta mediante o teor dela. Ao menos que esta carta não tenha sido interceptada pelas autoridades à época.
Certa vez alguém comentou que violar uma correspondência e adulterá-la era algo muito fácil de fazer. Bastaria usar o vapor de uma chaleira para que o envelope da carta fosse aberto com facilidade.
Após isso, era só fechar novamente o envelope e remetê-lo ao seu destino. Mesmo assim, muitas cartas se perdem, se extraviam e nunca chegam ao seu destino. Quem se responsabiliza pelo extravio?
Em tempos sombrios como no tempo das ditaduras isso devia ser muito comum. A desinformação pairava no ar.
Cartas como aquelas que são comuns entre universidades em épocas ditatoriais devem ter sido alvo de muita censura.
Quantas cartas sumiram nestes períodos. Provavelmente nenhum(a) historiador(a) se debruçou sobre.
A ECT segue incólume.
Há dúvidas sobre se em outros períodos, ditos não ditatoriais, isto tenha ocorrido.
No ano de 1978 um jovem seminarista que tinha apenas 14 anos foi surpreendido com uma carta deixada em seu armário pela sua irmã. A carta (naquele modelo bem antigo) não chegou pelo correio e sim entregue no local pela própria irmã sem que ele estivesse presente no ato da entrega. Surpresa maior foi o presente que foi deixado junto com a carta. Um rádio portátil. O rapaz chorou muito ao ler a carta. Muito amor contido nas belas palavras da irmã e de uma amiga. Era o aniversário do tal rapaz.
CAPÍTULO III
Filmografia: verdades e ficção
Cartas de Iwo Jima ou Letters from Iwo Jima é um filme norte americano de 2009 dirigido por Clint Eastwood e que foi aclamado pela crítica e bem conhecido por retratar o bem e o mal em ambos os lados de uma batalha que durou 35 dias entre o Japão e EUA.
Cartas devem ter sido escritas durante e após esta batalha que nunca chegaram ao seu destino.
Central do Brasil é outro filme de 1998 do diretor Walter Salles. O filme brasileiro retrata a vida de Dora e Josué. Ela, uma professora aposentada que ganha a vida escrevendo cartas para analfabetos, na maior estação de trens do Rio de Janeiro, (Central do Brasil). Ela embolsa o dinheiro sem sequer postar as cartas. Um dia, Josué, o filho de nove anos de idade de uma de suas clientes, acaba sozinho quando a mãe é morta em um acidente de ônibus. Ela reluta em se juntar ao menino, mas acaba se juntando a ele em uma viagem pelo interior do nordeste em busca do pai de Josué, que ele nunca conheceu.
Incêndios é um drama que estréia em 2011 dirigido por Denis Villeneuve e que tem como pano de fundo uma carta deixada por uma mãe que deseja que seus filhos viajem para o oriente médio em busca de suas origens.
O rapaz, o tal seminarista, a exemplo do filme Central do Brasil também seguiu os passos da personagem Dora e também se tornou professor.
Ao contrário dela, porém, nunca escreveu cartas para analfabetos, mas ensinou e ensina crianças, em fase inicial escolar, a ler. Este gênero literário já é utilizado por vários educadores na sua prática docente.
Certa vez, numa campanha eleitoral, este que relata todos estes fatos e que não é um mero personagem, sugeriu para o seu candidato a deputado que escrevesse cartas a próprio punho para eleitores que aparecessem em alguma listagem oficial com o mesmo sobrenome dele, homônimos de sobrenome. Teve acesso a um cadastro onde várias pessoas tinham o mesmo sobrenome dele.
Foi um sucesso porque o então candidato acabou descobrindo que tinha parentes distantes em várias cidades espalhadas pelo Rio Grande do Sul o que acabou resultando em alguns votos. Uma história que não foi contada em nenhum filme ainda.
Essas cartas tinham um teor mais pessoal e atingiram em cheio os sentimentos desses eleitores, supostos parentes dele.
Ainda sobre filmes que falam de cartas há de se refletir sobre a filmografia da vida de Chico Xavier, figura central do espiritismo brasileiro, o qual ficou conhecido por suas cartas psicografadas, mensagens escritas sob a influência de espíritos desencarnados. Essas cartas, muitas vezes, traziam notícias, conselhos e palavras de conforto para famílias e amigos que buscavam contato com seus entes queridos falecidos.
Qual seria a veracidade desse material em relação aos fatos escritos?
Tal questão foi avaliada em extensa pesquisa realizada pelo Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), traçando uma linha de estudos sobre os fatos colocados nas cartas de Chico Xavier e concluindo, em 2014, que o material relatado era verídico. Todavia, é necessário enfatizar que o estudo \\\'Investigating the Fit and Accuracy of Alleged Mediumistic Writing: A Case Study of Chico Xavier’s Letters\\\' NÃO comprova que as cartas de Chico Xavier foram elaboradas por um espírito. O que foi provada é a veracidade do conteúdo presente nas cartas.
Cartas psicografadas não são cartas que chegam ao seu destino via correio. Apenas isso as diferencia das demais cartas porque no resto possuem o mesmo peso ou impacto.
CAPÍTULO IV
As cartas “bombas”
Difícil acreditar que isso ainda existe e que há um setor só pra cuidar disso lá em Brasília no Distrito Federal. Seriam cartas contendo algum produto químico venenoso para matar alguém, no caso o destinatário da carta. Em 2020, por exemplo, um pacote contendo a substância letal ricina endereçado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi interceptado antes de chegar à Casa Branca, informaram autoridades à imprensa americana.
Existem, portanto, vários tipos de cartas “bombas” e essa é uma delas.
Outra carta bomba e essa também pode ser remetida via correio é a denúncia, geralmente anônima, sobre algo revelador, ilícito ou odiento cometido por alguém ou contra alguém. Nos dois casos, se é feito um pente fino por amostragem há de se evitar alguns, não todos os problemas que uma carta pode causar.
CAPÍTULO V
Passado e futuro se conectando
Em muitos livros literários de aventuras há relatos de personagens encontrando garrafas contendo alguma carta ou mensagem para a posteridade ou para alguém de seu próprio tempo mas que esteja bem distante do local onde a garrafa foi encontrada. Sim, existem histórias reais de garrafas com mensagens que foram encontradas no mar. Um exemplo é o caso de uma garrafa de vinho que foi lançada no oceano Atlântico entre o Rio de Janeiro e Salvador, no Brasil, em 2008, e encontrada na Austrália 16 anos depois. A mensagem dentro da garrafa informava que ela havia sido lançada ao mar nesse período e com as coordenadas da localização.
Existe outra forma de enviar uma carta usando as “cápsulas do tempo” que alguns professores de história também fazem com seus alunos na fase do ensino fundamental. Os alunos ficam na “obrigação” de voltar no mesmo local, quando forem adultos, onde enterraram ou esconderam as cápsulas do tempo para ler o que haviam escrito anos atrás.
A carta pode ter como destinatário a própria pessoa que a escreveu.
Na prática docente de vários professores esse é apenas um recurso que é utilizado com alunos de todas as idades.
Há cartas, no entanto, que causam espanto pela originalidade ou pelo simples fato de serem inusitadas.
A Carta de Pero Vaz de Caminha, por exemplo, escrita em 1500, relatando a chegada dos portugueses ao Brasil, é um exemplo de carta que causou espanto pela sua descrição da terra, da fauna, da flora e dos primeiros contatos com os indígenas. A descrição da nudez dos indígenas, em particular, causou grande impacto na cultura portuguesa da época, conforme destacado em algumas obras de arte como o quadro \\\"Iracema\\\" de José Maria de Medeiros.
https://picturingtheamericas.org/painting/iracema/?lang=pt-pt
E há ainda a última carta de Ana Bolena que segundo estudos recentes pode ter sido falsificada. Endereçada “Para o rei, da dama na Torre”, a suposta carta escrita ou ditada pela segunda esposa do rei Henrique VIII fora encontrada algum tempo depois de sua morte, entre os documentos do secretário do soberano Thomas Cromwell.
Finalmente as cartas dos apóstolos, como parte do Novo Testamento, são consideradas textos de grande importância para a fé e a vida cristã. Elas oferecem ensinamentos sobre a vida, a fé e a relação com Deus, além de instruções para a organização e a vida da comunidade cristã até os dias atuais. A Primeira Carta aos Tessalonicenses, escrita por Paulo, Silvano e Timóteo, é uma expressão de gratidão, exortação e esclarecimento sobre questões práticas e escatológicas da comunidade cristã em Tessalônica. A carta enfatiza a fé, a caridade, a esperança e a santidade, incentivando a comunidade a perseverar e se preparar para a volta de Cristo.
CAPÍTULO VI
A carta - música
Estou escrevendo esta carta meio aos prantos
Ando meio pelos cantos
Pois não encontrei coragem
De encarar o teu olhar
Está fazendo algum tempo
Que uma coisa aqui por dentro
Despertou e é tão forte
Que eu não pude te contar
Quando você ler eu vou estar bem longe
Não me julgue tão covarde
Só não quis te ver chorar
Perdão, amiga, são coisas que acontecem
Dê um beijo nos meninos
Pois eu não vou mais voltar
Como eu poderia dar a ela esta carta?
Como eu vou deixar pra sempre aquela casa
Se eu já sou feliz, se eu já tenho amor
Se eu já vivo em paz?
E por isso decidi que vou ficar com ela
A minha passagem, por favor, cancela
Vá sozinha, eu não vou mais
Quando cheguei no portão da minha casa
Como se eu tivesse asas
Me senti igual criança
Deu vontade de voar
Quase entrei pela janela
Minha esposa ali tão bela
Dei um forte e longo abraço
E comecei a chorar
E com as lágrimas as palavras vinham
E rolavam como pedras
E ela só a me escutar
Ao enxugar minhas lágrimas com um beijo
Revelou que já sabia
Mas iria perdoar
Como eu poderia dar a ela esta carta?
Como eu vou deixar pra sempre aquela casa
Se eu já sou feliz, se eu já tenho amor
Se eu já vivo em paz?
E por isso decidi que vou ficar com ela
A minha passagem, por favor, cancela
Vá sozinha, eu não vou mais
Como eu poderia dar a ela esta carta?
Como eu vou deixar pra sempre aquela casa
Se eu já sou feliz, se eu já tenho amor
Se eu já vivo em paz?
E por isso decidi que vou ficar com ela
A minha passagem, por favor, cancela
Vá sozinha, eu não vou mais
Ai, ai, ai, ai
Vá sozinha, eu não vou mais
Fonte: Musixmatch
Compositores: Claudio Da Matta Freire / Alvaro Luis Waehneldt Socci
CAPÍTULO VII
Minhas e suas cartas
Filhos e netos e futuras gerações deveriam se apropriar deste texto para primeiramente entender quão importante é uma carta. Daí entender ainda que há interesses escusos quando interceptam uma carta ou não a fazem chegar ao seu destinatário. Uma carta pode ser modificada, adulterada. Isso ainda acontece?
A ECT é uma empresa formada de homens e mulheres passíveis de erros ou mal intencionados ou que sejam muito desonestos. Principalmente nesta era de polarização entre esquerda e direita no mundo e em toda a América Latina.
Uma amiga francesa que reside hoje na França se comunica com as pessoas que conhece aqui no Brasil não mais por cartas. Não correria jamais esse risco, o de escrever uma carta para alguém, quando esteve como “guerrilheira” em El Salvador na década de 70 e nem mesmo agora que pode usar as redes sociais e outros meios.
Nesta mesma época Dom Hélder Câmara escrevia suas cartas com atenção à forma e à organização, usando-as como um \\\"jornal do Concílio\\\" e um meio de manter contato com seus amigos de vários países.
Ele organizava as cartas de forma didática, abordando temas em sequência e com um número específico de páginas por correspondência.
A tal ex guerrilheira francesa nunca se correspondeu com Dom Hélder mas sabia que ele e Dom Romero, amigo pessoal dela e de Dom Helder, que foi assassinado celebrando uma missa, se correspondiam com certa regularidade. Nesse tempo a ECT já era uma grande empresa e estava sob o comando e tutela dos militares aqui do Brasil que também perseguiram e assassinaram religiosos e ativistas políticos. Sabe-se lá quantas cartas de Dom Hélder não chegaram ao seu destino e as de Dom Romero também.
https://www.facebook.com/photo?fbid=9688564394564809&set=a.830850463669624&locale=pt_BR
Haviam formas de burlar isso quando alguém podia entregar pessoalmente uma carta a outrem, sem ser revistado nos portos e aeroportos ou algo assim.
Cartas são escritas e escondidas em vários locais para serem encontradas posteriormente. Até em pen drives é possível encontrar cartas hoje em dia.
Filhos e netos terão algum trabalho para encontrar cartas deste que escreve este texto porque durante anos foram reunidos livros em uma biblioteca particular e as cartas podem estar em qualquer um destes livros. Reza a lenda que tem gente que escreve mensagem escondida no papel?
Esprema o suco de limão (ou de laranja) em um copo; Mergulhe o pincel (ou o cotonete) e escreva alguma mensagem sobre o papel. O pincel dá um melhor resultado que o cotonete; Deixe secar.
Assim é que ainda fazem quem não quer que suas mensagens sejam descobertas por estranhos ou pessoas indesejadas?
Não é o caso deste que a partir daqui deixa esta carta para os filhos e netos.
Amados filhos(as) e netos(as):
Com singularidade e não levem para o lado da esquisitice, escrevo estas mal traçadas linhas para reafirmar tudo o que foi dito durante o tempo em que convivemos, principalmente durante toda a infância e parte da adolescência de vocês, para dizer-lhes o quão importantes vocês são para mim.
Pode ser que ao ler esta “carta”, você ou vocês estejam bem longe de mim e da mãe de vocês ou por um de nós, no caso eu que sou mais antigo, não estar mais nesse plano.
Sinto-me na obrigação de dizer ainda que meu passado é um livro aberto com algumas páginas arrancadas. Há coisas que você ou vocês e nem ninguém precisa saber.
Sempre me perguntei sobre meu pai (tenho dúvidas se vocês farão o mesmo que eu) se ele alguma vez pensou em trair minha mãe ou se ele realmente gostava de pescar. Teria muitas perguntas a fazer para meu velho, e não só em relação a minha mãe, caso nos encontrássemos novamente. O que eu não acredito que irá acontecer.
Sobre se ele gostava de pescaria. Será que não era uma forma de ele dar uma “fugida”?
Minha irmã mais nova me disse certa vez que nem lembrava que nosso pai gostava de pescar e que era algo que ela não tinha registro algum.
Pois eu lhes digo que eu não gosto de pescaria e nunca usei isso como um subterfúgio pra nada. Essa carta vai servir também pra isso, ou seja, para você ou vocês saberem até meus gostos e é por isso que tracei um comparativo entre eu e meu pai..
Se lhes interessar este assunto, falem com a mãe de vocês se alguma vez saí para pescar. Isso não é uma piada. Afirmo-lhes que só saí para pescar votos de eleitores nas vezes em que me ausentei ou me afastei da mãe de vocês. Isso todos vocês devem saber.
Nos dois casamentos encontrei muita parceria e tentei retribuir isso na medida certa. Só que lhes adianto que, na minha opinião, não há medida certa para nada.
Meu velho pai foi meu pai aos 40 anos e nisso eu consegui ser igual a ele porque tive também um filho caçula homem com a mesma idade que ele tinha quando minha mãe me teve.
Até pensei em “ser igual” ao meu pai, porém, a vida me fez enxergar coisas que talvez ele não tenha enxergado. Talvez. Nunca chegarei aos pés dele no que diz respeito a ter um caráter forte.
Sou igual a ele em várias coisas mas acho que deixei a desejar naquilo que ele foi o melhor de todos que é ser um PAI AMOR que é o que eu ouço há algum tempo de uma pessoa que se refere ao pai dele desta forma.
Não mereço esta comenda se é que dá para falar assim.
Não mereço também porque levantei a suspeita de ele sair para pescar e fazer algo que não tinha nada a ver com pescaria.
Sei no entanto que meu pai e minha mãe, a exemplo de Olga Benário e tantos outros, “lutaram pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo” no tempo deles.
Não tinham o que eu tenho que é este engajamento político, mas era outro tempo e sabe-se lá o que passava pela cabeça deles tendo quatro filhos pequenos para criar. Meu pai e minha mãe eram quase analfabetos. Suas necessidades e dificuldades diárias para nos alimentar eram gigantes.
Quando os militares deram o golpe em 1964 eu tinha 1 ano, minha irmã mais nova tinha 4 e os dois mais velhos tinham apenas 10 e 11 anos respectivamente.
Tantas coisas a serem ditas só que vou tentar me deter mais em mim do que nos meus pais, afinal, tem coisas que eu não sei falar sobre eles.
Meus irmãos mais velhos, por exemplo, sabem falar de coisas que eu não vivi com nossos pais. Esse é um dos motivos de eu estar escrevendo esta carta para vocês. Vão saber de coisas que nunca lhes falei.
Perdoem-me se até aqui disse algo que lhes tenha causado tristeza. Cartas servem pra isso também.
Lembro de ter me correspondido com um seminarista que era da ordem dos Carmelitas descalços quando estive seminarista, interno também, só que da ordem dos padres seculares no ano de 1978.
Guardei por algum tempo as cartas que ele me enviava mas não consigo mais lembrar nem o nome e nem a idade daquele seminarista. Encontrei naquele momento da minha vida uma forma de me acalmar diante das incertezas da idade. Aquele seminarista me passava mensagens boas.
Sabe-se se lá quais eram as verdadeiras intenções dele mas só consigo lembrar de coisas boas nas devolutivas dele. Fico a pensar se os padres do seminário menor, onde eu estudava, não interceptaram uma ou outra carta dele para mim com receio de que eu estivesse sendo cooptado ou que houvesse algo mais comprometedor.
Também não lembro quando é que paramos de nos corresponder porque no ano seguinte deixei de ser seminarista. Abandonei a batina como era do dito popular.
Neste ano 1978, ainda no período militar, morreu o Papa João Paulo I e assisti ao vivo na “tv” o conclave lá no seminário onde morei. Esta carta está sendo escrita no mesmo mês e ano que morreu o Papa Francisco e semana que vem iniciará o conclave lá em Roma.
As incertezas da idade, no entanto, nunca me levaram para caminhos muito tortuosos. Pensava muito nos meus pais e o que lhes causaria desgosto.
Lembro, por exemplo, do meu pai ter concordado de eu ir para o seminário mas que isso lhe causou um certo desgosto. Pequeno desgosto, acho eu. Nunca tive a confirmação disso.
Sobre minha mãe tenho a dizer que lembro dela ser dura comigo porque me metia em confusões com certa facilidade como aquela vez que eu quebrei, sem querer, dois ou mais dentes de um amigo e vizinho quando jogávamos taco na rua ou quando apanhei de um guri na rua (o apelido do guri - também vizinho de rua - era pirata) e voltei para casa todo lanhado. Um parênteses sobre o tal guri. Ele foi fazer uma arte, tentando pular de um telhado para outro local e caiu sobre arames farpados que lhe causaram um rasgo no rosto e que lhe deixaram uma “bela” cicatriz.
Daí vem a alcunha de pirata. Morreu bem cedo num acidente de moto.
As incertezas da idade, como eu venho afirmando aqui, me fizeram enxergar, por exemplo, que era eu por mim mesmo. Digo isto porque em muitos momentos de minha vida meus pais e meus irmãos nem sabiam onde eu andava e o que fazia.
Não lembro de ser visitado no seminário pela minha irmã mais velha naquele ano que lá fiquei em regime de internato. Só consigo lembrar das visitas de meus pais, da minha irmã mais nova e até do meu único irmão. Não lembro mesmo.
Isso denota o quanto eu e minha irmã mais velha nunca fomos tão próximos e porque não nos falamos há mais de 20 anos.
Essa página não foi uma página arrancada da minha vida mas vou me ater de falar pormenorizadamente sobre isso aqui já que disse anteriormente que não há medida certa para nada. Cada um seguiu a sua vida e é assim que deve ser quando não há sintonia, cumplicidade e porque não dizer quando há uma incompatibilidade entre ambos. Meu filho mais novo, quando bebê, nunca foi sequer no colo dessa minha irmã. Preciso dizer mais?
Ao contrário, eu, considero e sempre considerei a minha sobrinha mais velha e filha dessa irmã como uma pedra preciosa. Essa sobrinha tem a mesma idade da minha atual mulher.
O tempo é o melhor remédio para curar feridas, dizem alguns. Concordo só que meu lado rancoroso, que é meu principal defeito, não deixa que eu esqueça de coisas que me causaram desconforto, temor ou raiva. Pago um preço alto por ser assim.
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Como já foi dito, sempre fui eu por mim mesmo e raras vezes recorri a alguém para decidir sobre estas questões. Sou muito criticado na família por isso.
Certa vez, antes de eu ir para o seminário, fui convidado pelos pais daquele amigo que eu quebrei os dentes com um taco para irmos acampar num final de semana. Eu nunca tinha feito isso. Lá fomos nós rumo a Cascatinha, local bastante visitado à época. Chegando lá, meus dois amigos mais novos que eu, decidimos desbravar a mata com a permissão dos pais deles.
Só que se tratava de uma subida íngreme e o nosso objetivo era chegar nas nascentes da tal cascatinha, morro acima. Nos embretamos na mata e andamos por mais de duas horas até chegar a um local onde haviam várias quedas d’água e água cristalina. Devemos ter percorrido uns 7 a 8 km até chegar nesse ponto. O meu amigo, o tal que eu quebrei os dentes, caiu sem querer em um buraco dentro d’água e fez um corte profundo no joelho que o impedia até de caminhar, tamanha era a gravidade. Carreguei-o nas costas por um longo período, morro abaixo e consegui chegar num local onde já se escutava as vozes das pessoas que estavam acampadas. Meu corpo franzino, cansado de carregá-lo, ainda aguentou mais um pouco e eu desci daquele ponto sozinho para pedir socorro ao pai do meu amigo. Alguns adultos ajudaram o pai dele a carregá-lo até embaixo. Essa operação ainda levou mais de uma hora. Chegando no acampamento, decidiram levá-lo a um hospital e nos deixaram sozinhos na barraca, eu e o irmão menor do meu amigo ferido. Não lembro que horas eles voltaram do hospital mas ficamos muito tempo sozinhos na barraca e isso me causou um trauma porque nunca mais quis acampar em nenhum local ermo ou com aquelas características.
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Falando em família temos, eu e minha irmã mais nova, nos nossos guardados, duas fotos em família com nossos pais que são uma pintura pra mim. Não só pra mim mas para os meus irmãos também. Talvez eles nunca tenham pensado sobre isso. Uma delas, eu e meus irmãos, éramos bem novinhos, eu era só um bebê e na outra todos “adultos”. Eu só amadureci mesmo, anos mais tarde daquela foto que estou entre os “adultos” lá de casa.
Não sei precisar algumas coisas e me perco em algumas datas porque o tempo passou muito rápido. A tal foto onde aparecemos todos adultos com nossos pais foi registrada há mais de 40 anos atrás e a anterior há mais de 50 anos atrás. É muito tempo pra gente lembrar dos detalhes.
Lembro de coisas que me marcaram muito, principalmente na infância, como aquela situação em que tanto a minha mãe, como o meu pai, passaram por intervenções cirúrgicas que poderiam ter lhes tirado a vida.
Minha mãe também quase morreu no meu parto.
Uma das coisas que mais me marcou, no entanto, foi o fato de eu estar hospitalizado no exato momento que meu filho caçula também esteve hospitalizado.
Nem eu podia vê-lo e nem ele tampouco. Algo que mexeu muito comigo e que teve seus desdobramentos e que ainda deixou marcas para o resto de nossas vidas.
A propósito, a vida nos prega algumas peças que não sabemos nem como lidar.
Mesmo assim agradeço por ter os filhos que tive. Os três e atualmente o netinho.
Agradecer é algo que aprendi com os amigos que nos cercam e que estão ou estiveram presentes em nossa vida nos bons e nos maus momentos. Gratidão a todos, sem nenhuma distinção. Nenhuma mesmo!
Meus filhos e netos saberão agradecer também a esses que em vários momentos de minha vida se mostraram amigos leais ou que nos ampararam em alguma dificuldade.
Fui prestar um concurso, certa vez, no litoral gaúcho e levamos nossa filha junto no carro.
Chegando lá, eu e a mãe da minha filha mais velha, entramos no local onde a prova seria realizada. Dois amigos que nos acompanharam neste dia ficaram o tempo todo de “babás” da nossa filha, enquanto realizamos a prova. Gratidão aos dois sem nenhuma distinção, mesmo que a amizade com um deles tenha acabado anos mais tarde.
Uma carta é o título que dei a este texto e esta carta para meus filhos e netos, escrevo com o intuito de que eles saibam que uma amizade tem que ser regada. Com um desses amigos isso não foi possível. Havia uma pedra no meio do caminho.
Em outros momentos acho que consegui retribuir a esses mesmos amigos o que fizeram por nós.
O que mais me dói em qualquer pessoa é a ingratidão. Isso vale para qualquer relação.
Meu pai e minha mãe jamais compactuariam com injustiças ou com ingratidão e isso eu aprendi com eles. Não foi com mais ninguém.
Se eu fui injusto com alguém próximo de mim, nessa vida, foi por imaturidade ou por descuido. Se eu não fosse tão rancoroso como já foi dito aqui, talvez não tivesse sido injusto com algumas pessoas que me rodearam ao longo de minha existência.
Espero que tenham sido pouquíssimas. Quanto a ser ingrato, posso dizer, sem medo de errar, que fui sim ingrato com algumas pessoas e é claro porque algumas situações não foram bem absorvidas ou bem administradas por mim em algum momento. Espero que meus filhos também se dêem conta disso, caso tenham cometido esses mesmos erros.
Belchior já dizia que “o passado é uma roupa que não serve mais” só que para esses amigos que um dia cometi alguma falha, dedico a música “A Carta para um irmão”.
Esta música, de Oswaldo Montenegro, fala sobre a saudade de um irmão perdido e a reflexão sobre a vida e o destino. A letra expressa a tristeza da ausência e a lembrança de momentos compartilhados, com a certeza de que o irmão sempre estará no coração.
(Parte 1)
A vida toda passamos a bola um para o outro,
Numa tabelinha invejável que acabei de perder.
Bola numa mão e viola na outra,
Saíamos correndo pra casa de Marcio e Celso.
(Parte 2)
Ah, irmão, nunca imaginei o mundo sem você.
Você me diria, com um sorriso que não sai da minha cabeça:
A vida quis assim, irmão!
(Parte 3)
Mas, que saudades que me dão,
De suas risadas, de seus abraços,
E de você cantar a sua canção.
(Parte 4)
Ah, irmão, não te esqueço,
E em cada nota, em cada verso,
Sinto sua presença.
(Parte 5)
A vida continua, o sol continua a brilhar,
Mas a falta que me faz, ninguém pode preencher.
Eu sei que você está, em cada estrela que brilha,
E em cada pensamento que me lembra de você.
Finalmente quero afirmar, através desta missiva, minha admiração por pessoas que tem a capacidade de lembrar de detalhes da sua infância e juventude.
Parece que tive um apagão e que a minha vida se resume a fragmentos como estes que aqui foram relatados. Por óbvio teria muito mais coisas para contar em riqueza de detalhes como as minhas idas para São Paulo em dois diferentes momentos de minha vida e outras viagens que fiz. Viajo, por exemplo, para Imbituba em Santa Catarina há exatos 20 anos, sem nunca falhar nenhum ano e quase sempre no período de férias de verão. Só por isso teria muitas histórias para contar mas vou encerrando por aqui.
As pessoas, no geral, vão se conhecendo melhor ao longo da vida, revendo conceitos e atitudes.
Escuto muito de outras pessoas que o mundo que vivemos hoje, primeiras décadas do século 21, é muito frustrante porque ninguém quer saber mais de viver o hoje.
Estão sempre esperando pelo devir. \\\"Devir\\\" é um conceito filosófico que descreve o processo contínuo de transformação e mudança em que as coisas se encontram, passando de um estado para outro. É o ato de \\\"tornar-se\\\", \\\"passar a ser\\\" ou \\\"se tornar diferente\\\".
Assunto que ao meu ver daria para debulhar a partir daqui, mas não o farei porque esta carta tinha que ser encerrada em algum momento.
Em tempo: assim que este texto for publicado e lançado, enviarei alguns exemplares via correio para pessoas que tenho um grande apreço. A primeira pessoa a receber será minha amiga francesa.
Referências :
Alguns fragmentos de textos foram compilados dos endereços eletrônicos abaixo:
https://estadosgeraisdacultura.art.br/filha-de-prestes-emociona-se-ao-ler-a-carta-de-sua-mae-olga-benario/
https://www.google.com/search?q=carta+testamento+de+vargas&rlz=1CAXXPU_enBR1151&oq=carta+testamen&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUqBwgAEAAYgAQyBwgAEAAYgAQyBggBEAAYAzIGCAIQRRg5MgcIAxAAGIAEMgcIBBAAGIAEMgcIBRAAGIAEMgcIBhAAGIAEMgYIBxAAGAMyBwgIEC4YgAQyBwgJEAAYgASoAgiwAgHxBfmhUakePg_d&sourceid=chrome&ie=UTF-8&safe=active&ssui=on
https://www.google.com/search?q=servi%C3%A7o+de+correio+dos+pres%C3%ADdios&rlz=1CAXXPU_enBR1151&oq=servi%C3%A7o+de+correio+dos+pres%C3%ADdios&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyBggAEEUYOTIHCAEQIRigAdIBCTc3MDZqMGoxNagCCLACAfEFIYhqD7fDnHI&sourceid=chrome&ie=UTF-8&safe=active&ssui=on
https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/veracidade-das-cartas-de-chico-xavier-segundo-estudo.phtml
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93scar_Romero
https://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%A9lder_C%C3%A2mara
https://www.youtube.com/watch?v=725PXja7Yok
https://pt.wikipedia.org/wiki/Empresa_Brasileira_de_Correios_e_Tel%C3%A9grafos#:~:text=A%20ECT%20foi%20criada%20a,incorporados%20ao%20portf%C3%B3lio%20da%20empresa.
https://www.google.com/search?q=letra+m%C3%BAsica+carta+do+oswaldo+montenegro&rlz=1CAXXPU_enBR1151&oq=&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUqCQgBEEUYOxjCAzIJCAAQRRg7GMIDMgkIARBFGDsYwgMyCQgCEEUYOxjCAzIJCAMQRRg7GMIDMgkIBBBFGDsYwgMyCQgFEEUYOxjCAzIJCAYQRRg7GMIDMgkIBxBFGDsYwgPSAQk0NzAyajBqMTWoAgiwAgHxBRJKpb-z_rvI&sourceid=chrome&ie=UTF-8&safe=active&ssui=on
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