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F O I A B O M B A
A visão de um adolescente que caiu de “paraquedas” em plena Ditadura Militar.
Autor: Gu Bortolozzo.
INTRODUÇÃO
A BOA VIDA NO INTERIOR DE SÃO PAULO.
Puxa!!!... como fui me meter nessa, me envolver numa situação inusitada e inesperada daquelas que “um protagonista pode se tornar um herói ou um covarde”, como dizia meu professor Luiz Martins Rodrigues Filho.
Ainda jovem, vivendo em Rio Claro, interior de São Paulo, decidi, após terminar o curso de 2º. Grau, ir para São Paulo freqüentar durante os últimos três meses do ano, um cursinho intensivo preparatório para o vestibular.
Tinha uma vida tranquila, uma educação rígida, muito embora a família trabalhasse no sentido de que eu permanecesse junto a eles, frequentasse um curso que a Faculdade local oferecesse, planejava um futuro muito maior para mim.
Assíduo frequentador do famoso Bar e Restaurante “A Toca”, ali bem no canto do Jardim Público, onde toda nossa turma se reunia, a turma do “Anjo Branco”(se referia Escultura do Anjo da Concórdia “Anjo Branco”, existente no Jardim Público em Rio Claro), o assunto predominante era trocar ideias pensando nas perspectivas para nosso futuro, pois a maioria ali, em vias de iniciar a vida acadêmica, necessitava tomar uma das decisões mais importante da vida: qual carreira seguir.
As contrariedades começaram dentro de casa quando anunciei:
- “Estou indo para São Paulo fazer o cursinho, já vendi meu Simca Chambord, fico no apartamento do Jhonny, lá tem um lugar para mim”.
Ato contínuo minha mãe esbravejou:
- “Não vai não... você não tem estrutura pra isso... o filho “dos Mouras” morreu lá com seis meses de São Paulo... as drogas acabaram com ele... devia servir de exemplo pra você”.
Ela falava do meu amigo Luiz Fernando Moura, colega do conjunto de rock, que no início do ano de 68 foi a São Paulo para estudar, buscando um...
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F O I A B O M B A
A visão de um adolescente que caiu de “paraquedas” em plena Ditadura Militar.
Autor: Gu Bortolozzo.
INTRODUÇÃO
A BOA VIDA NO INTERIOR DE SÃO PAULO.
Puxa!!!... como fui me meter nessa, me envolver numa situação inusitada e inesperada daquelas que “um protagonista pode se tornar um herói ou um covarde”, como dizia meu professor Luiz Martins Rodrigues Filho.
Ainda jovem, vivendo em Rio Claro, interior de São Paulo, decidi, após terminar o curso de 2º. Grau, ir para São Paulo freqüentar durante os últimos três meses do ano, um cursinho intensivo preparatório para o vestibular.
Tinha uma vida tranquila, uma educação rígida, muito embora a família trabalhasse no sentido de que eu permanecesse junto a eles, frequentasse um curso que a Faculdade local oferecesse, planejava um futuro muito maior para mim.
Assíduo frequentador do famoso Bar e Restaurante “A Toca”, ali bem no canto do Jardim Público, onde toda nossa turma se reunia, a turma do “Anjo Branco”(se referia Escultura do Anjo da Concórdia “Anjo Branco”, existente no Jardim Público em Rio Claro), o assunto predominante era trocar ideias pensando nas perspectivas para nosso futuro, pois a maioria ali, em vias de iniciar a vida acadêmica, necessitava tomar uma das decisões mais importante da vida: qual carreira seguir.
As contrariedades começaram dentro de casa quando anunciei:
- “Estou indo para São Paulo fazer o cursinho, já vendi meu Simca Chambord, fico no apartamento do Jhonny, lá tem um lugar para mim”.
Ato contínuo minha mãe esbravejou:
- “Não vai não... você não tem estrutura pra isso... o filho “dos Mouras” morreu lá com seis meses de São Paulo... as drogas acabaram com ele... devia servir de exemplo pra você”.
Ela falava do meu amigo Luiz Fernando Moura, colega do conjunto de rock, que no início do ano de 68 foi a São Paulo para estudar, buscando um futuro mais promissor.
Meu pai intervém:
- “Mulher, você sabe como esse menino é teimoso, está na hora dele encarar a vida e tomar seu rumo”.
CAPÍTULO I
A INCRÍVEL BATALHA DA RUA MARIA ANTONIA
Vejo-me chegando a São Paulo numa quarta-feira, dois de outubro de 1.968, desembarco na Estação Rodoviária, ainda estabelecida na Avenida Duque de Caxias, cujo movimento intenso do local me deixa um tanto titubeante sem saber que atitude tomar primeiro, tento ler as placas, ao mesmo tempo em que, quero cuidar da segurança das malas.
Meio dia sol intenso, dirijo-me ao ponto do ônibus Circular que me levaria ao apartamento do Jhonny Cagnin, amigo rio-clarense, já adaptado à Capital, mais precisamente num pequeno apartamento, em plena Avenida Paulista, no edifício Baronesa de Ararí, onde permaneceria durante o período de estudos.
Quinta-feira, acordo cedo, tomo um café, fraco, diferente daquele lá de casa, como um pãozinho amanhecido com manteiga e me dirijo ao cursinho, uma boa caminhada desde a Avenida Paulista até os baixos da Consolação, mas muito animado, olho para todos os lados admirando a paisagem repleta de edifícios altos, completamente distinta do panorama de costume em Rio Claro.
Tímido, retraído e ainda um pouco acaipirado, adentro o saguão do cursinho, me encaminho ao guichê da secretaria, apresento os documentos e efetuo o pagamento do \"Intensivão\", como era chamado o curso.
Pedem para que aguarde o inicio da aula inaugural que seria ministrada pelo professor de história, que neste mesmo instante chega sorridente, cumprimentando a todos, entrando na sala de aulas sendo acompanhado por todos os alunos que ali o aguardavam.
Ele se apresenta, “Antonio Benetazzo, da USP”, rapaz ainda, cerca de 27, 28 anos, muito simpático, já na primeira intervenção conquistou a confiança de todos.
Dez horas da manhã, encerrada a aula do professor Benetazzo, ele anuncia que todos estão dispensados, dá uma espiadela na lista de presença, se dirige até mim e pergunta:
- “Bortolozzo! é descendente de italiano?”.
Imediatamente respondo:
- “Sim, minha família é originária de Treviso”.
- “Sou nascido em Verona, somos Italianos então”.
Diz ele sorrindo e emenda:
- “Está livre? Venha comigo até o Diretório, estamos fazendo um trabalhinho e precisamos de voluntários”.
Terminando a frase com uma grande gargalhada.
Descemos a Consolação e ao chegarmos à Rua Maria Antonia nos deparamos com um grande numero de veículos parados no trânsito e estudantes abordando os motoristas solicitando contribuições.
O professor Benetazzo vira-se pra mim e diz:
- “Hoje é dia de pedágio, estamos arrecadando para o Congresso da UNE, vamos, venha, ajude-nos”.
Esgueirando-nos em meio aos carros e as pessoas, chegamos até a porta do prédio da USP, em frente ao Makenzie, entramos até a uma sala apertada com várias mesas, todas abarrotadas de pastas e papéis, uma verdadeira bagunça, sou apresentado a uma dezena de amigos: o Lauriberto de São Carlos, o Travassos da UNE, o Paulo de Tarso da economia, o Cadu Fleury, dentre outros, tudo muito afobadamente, pois lá fora na Maria Antonia já rolava muita encrenca.
De repente o Lauriberto retorna para dentro e grita;
- “Saiam! precisamos de ajuda pessoal, os canalhas do Makenzie e os tais do C.C.C. estão provocando briga”,
Todos na sala saem em disparada, vendo aquilo não tinha outra atitude a tomar senão segui-los.
Colocamos os pés para fora da porta, vimos voando pedras, tijolos, pedaços de madeira, cruzando pelos dois lados da rua, principalmente do lado do Makenzie, localizados estrategicamente em um terreno mais alto e cercado de muros altos. Traziam de dentro da USP, mesas, carteiras e balcões que são empilhados em plena via pública, formando uma verdadeira trincheira de proteção e como se não bastasse, surgem coquetéis Molotovs que começam a estourar nas paredes, deixando em chamas ambas as universidades, estava estabelecido o caos.
*Fotos Carlos Namba – Revista VEJA – 09/10/1968 retratam a imagem dos fatos.
Perplexo, abismado e completamente sem noção do que estava se passando, a fumaça, o cheiro de combustível e borracha queimada, me deixa desorientado e reflexivo.
Já havia praticado muitas arruaças em Rio Claro, com um grupo de amigos, durante a madruga jogamos anilina corante vermelha na fonte de água do jardim público, fato que se tornou notícia de jornais no dia seguinte, mas aquilo estava esquisito, me passando uma sensação de delito e aquela coisa de C.C.C., me deixa intrigado, eu sabia que se tratava da sigla: Comando de Caça aos Comunistas, “mas quem eram os comunista ali ?”, eu, me perguntava.
Não podia ficar ali parado procurando entender o que acontecia, tinha que agir em minha própria defesa, me abaixei atrás de uma mesinha para me proteger onde já estavam mais três parceiros, em meio a muito barulho, xingamentos, vozes de comandos, ouvi-se um estampido de arma de fogo, fez-se silêncio, todos correm em direção a um corpo caído, era um jovem estudante secundarista que havia sido baleado na cabeça.
Ao ver a cena do jovem baleado com sangue escorrendo pela cabeça, sendo carregado pelos amigos que aos gritos clamavam por ambulância, sinto um calafrio que corre pela minha coluna cervical, um frio na barriga e experimento uma sensação de medo.
*Fotos Carlos Namba - Revista VEJA – 09/10/1968 mostra o socorro ao estudante.
As cenas se sucedem muito rapidamente, tento me recompor quando de repente surgem não se sabe de onde, homens fardados empunhando escudos e cassetetes que em marcha alinhada avançam sobre nós, nesse instante a adrenalina já está nas alturas, recuo para dentro de um prédio em construção, ali permanecendo por alguns instantes, até não ouvir mais os passos fortes dos coturnos contra o chão.
Volto à rua e o batalhão de choque havia encurralado o pessoal no final da Rua Maria Antonia, no entroncamento com a Avenida Higienópolis e Dona Veridiana, na Maria Antonia devastada, um verdadeiro palco de guerra, somente eu e uma fotógrafa nissei de algum jornal tentando registrar os fatos.
A japonesinha dispara sua maquina na direção da janela de um prédio visinho ao Makenzie de onde alguns homens observam e um deles aponta arma para a fotógrafa.
* Foto Makiko Ishii – Folha da Tarde / Revista VEJA – 09/10/1968 retrata a situação.
Grito incontinente:
- “Cuidado!”
Pego um coquetel Molotov que se encontra na calçada junto a uma porta de aço de um estabelecimento, acendo o tufo de papel que fechava a boca da garrafa, o arremesso na direção do atirador e corro em disparada no sentido da Avenida Consolação.
Meu coquetel Molotov estoura no alto do muro, as chamas alcançam os fios elétricos que entram em curto circuito conduzindo o fogo até o próximo poste onde um transformador é atingido e explode jorrando óleo pela calçada.
*Foto Carlos Namba – Revista VEJA – 09/10/1968 imagem do local.
Retorno aturdido incontinente rumo à Avenida Paulista, mas consciente de ter participado de um episódio que daria muito que falar e temia pelas conseqüências. Na semana seguinte, dia nove de outubro, a Revista Veja em grande reportagem, repleta de fotos, publica os acontecimentos.
*Capa da Revista VEJA – Edição de 09/10/1968.
CAPÍTULO II
A “EXPROPRIAÇÃO” DE ARMAS NO BAIRRO PACAEMBU
Durante os três meses de São Paulo, aulas no cursinho, reuniões no Centro acadêmico entre os companheiros do Bene, o Benetazzo, me inteirava das ideologias e das intenções do movimento estudantil de que participava, embora tão esporadicamente.
Nesse grupo de doze estudantes estavam patente a inexperiência e a diversidade de pensamentos entre todos, uns levando a sério a ideologia Marxista recém absorvida, outros visivelmente levados pela irreverência natural da própria juventude e também pela rebeldia, mas todos impulsionados pela revolução social e cultural por que passou o mundo em 68, mudança de hábitos, de comportamentos, das relações familiares, da sexualidade e da disseminação das drogas.
Com essas incertezas nos reunimos na passagem do ano de 68 para 69, no apartamento do Bene no Edifício Copam em pleno centro de São Paulo, lembro-me até hoje do apartamento 3212, mas em determinado momento Bene me chama e também mais dois companheiros e nos diz:
- “Vamos, temos uma missão”.
Saímos do apartamento deixando os convidados se confraternizando, nos dirigimos ao carro e saímos em direção à zona oeste.
Indignado por não saber qual o objetivo e o destino daquela operação, ou missão, como o Bene tinha nomeado, perguntei:
- “O que vamos fazer... para onde vamos...”
Senti o peso do silêncio por alguns minutos, a resposta demorou a sair, mas de repente o Paulo encontrou as palavras para me responder:
- “Vamos até o Bairro do Pacaembu... vamos fazer uma expropriação”.
Quando percebi que era o único desavisado ali, me contive até chegarmos numa casa luxuosa, entramos todos sem nenhum arrombamento, pois o Bene tinha a chave, indo direto a coleção de armas do proprietário da casa e saímos com as armas.
Fiquei perplexo, conversei comigo mesmo:
- “Isso é roubo... é... mas possuíamos as chaves... não houve arrombamento... deve ser a casa de um deles. Esse negócio é que o Paulo chamou de “expropriação”.
Depois da “apropriação” das armas, como enfatiza o Paulo, dia dois de janeiro de 69, retorno a Rio Claro, presto vestibular e ingresso na Faculdade em São Carlos, perto da família obtenho uma colocação de emprego.
CAPÍTULO III
FOI A BOMBA NO SINDICATO DA INDÚSTRIA TEXTIL
Tudo isso me impõem numa rotina totalmente oposta àquela que vinha praticando, mesmo assim em finais de semana e feriados vinha a São Paulo visitar o amigo Bene.
Mas a quinta-feira, feriado de primeiro de maio me reserva uma situação de impasse onde seria obrigado a tomar a decisão mais importante de minha vida.
Vim para São Paulo e na tarde do dia do trabalho fui encontrar-me com o grupo, todos reunidos, Bene discursa:
- “Nossas ações e atitudes repercutiram junto aos importantes líderes do “Partidão” que formaram a Aliança de Libertação Nacional e fomos convidados a participar da luta armada e nos engajarmos”.
- “Ao aderirmos temos que abrir mão de nossas identidades, nos desvincularmos de nossas famílias e amigos, assumirmos a clandestinidade e pegar nas armas”.
Estava convicto que me encontrava ali mais pelas amizades e pela conotação de rebeldia que o grupo empreendia em suas ações, mas fui pressionado a decidir ali mesmo.
Cheio de dúvidas disse a eles:
- “Nesse momento não posso assumir nada, ingressei na Faculdade, estou trabalhando, assumi compromissos que não posso quebrar assim desta forma”.
“Chove” recriminações e apupos de todos contra mim, fico encurralado, me sentindo muito diminuído frente a unanimidade dos outros companheiros.
Já se fazia noite quando o Bene ordenou:
- “Vamos para nossa ação, precisamos de mais três companheiros estamos com o material no carro”.
Alguém dá a idéia:
- “Levem o Gustavo (codinome usado para me intitular), para ver se clareia as idéias dele”.
Saímos: Bene, Lauri, Paulo e eu, entramos no carro e nos dirigimos até as proximidades da Avenida Higienópolis, Rua Marques de Itu, noite escura, sem lua, paramos defronte a um casarão recuado, tipo mansão do café, da ABIT Associação Brasileira da Indústria Textil, descemos do veículo, com a bomba nas mãos, chegamos bem perto e a jogamos para dentro.
Corremos de volta ao carro, rodamos uns vinte metros e percebemos que a bomba não havia explodido, estacionamos e Bene ordena:
- “Temos que tirar essa bomba de lá... podem descobrir nossas impressões digitais”.
Descemos do carro e antes de entrarmos no prédio a bomba estoura, foi uma cena espantosa, o som da explosão de imediato nos deixou surdo, os tímpanos pareciam que iam explodir como a bomba, o deslocamento de ar bateu no nosso peito provocando uma grande dificuldade de respirar, ao mesmo tempo que nos arremessava para trás numa força descomunal, a mistura dessas horríveis sensações quase causou o desfalecimento. Em suma: sentimos a morte de perto.
Refleti:
- “Sobrevivi... ufa !”.
Segundos após o estrondo da bomba ouvimos um forte ruído de vidros se quebrando, nos edifícios ao lado e em frete tiveram suas vidraças totalmente quebradas de cima a baixo e seus moradores indignados nas janelas gritando de pavor, sem noção do que havia se passado.
Recuperados do tranco, corremos até o carro e deixamos o local, com o coração disparado, me sentindo muito mal não só pelos traumas físicos como também psicológico, cheguei no apartamento fui direto para o quarto mas a vontade era de me enfiar debaixo da cama, queria me esconder, não queria ser visto por ninguém.
Permaneci trancado no apartamento na sexta, sábado e domingo, toda sirene que ouvia de ambulância, bombeiros ou rádio Patrulha que passava pela Avenida Paulista, sentia uma taquicardia horrível, foram os dias mais longos de minha vida.
No domingo enfim precisava sair, fui direto para a Estação Rodoviária para retornar a Rio Claro, muito ressabiado, olhando para os lados tentando observar se não havia a polícia atrás de mim, no ônibus tinha vontade de colocar a cabeça no meio das pernas.
Estava certo que não era aquilo que queria para minha vida, queria chegar em casa e nunca mais voltar para São Paulo.
De volta a Rio Claro convivi durante alguns anos ainda com o trauma da bomba e de consciência por ter “desertado”, termo usado pelos companheiros do movimento estudantil, da luta armada contra a ditadura.
Passados tantos anos, volto a refletir sobre tudo que se passou e me convenço que a luta armada não seria um bom caminho para um adolescente de personalidade pacífica.
Se tivesse optado pela luta armada, talvez eu não estaria aqui hoje, como os amigos Lauri: Lauriberto José Reyes, morto pela repressão em 27 de fevereiro de 1972, Bene: Antonio Benetazzo, morto pela repressão em 30 de outubro de 1972, Cadu Fleury: Carlos Eduardo Pires Fleury, morto em 10 de dezembro de 1971 e Paulo de Tarso, vivo que voltou ao País após a anistia, militou nas fileiras do PT, Partido dos Trabalhadores e agora dedicando-se ao jornalismo.
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