P/1 – João, boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria de começar a entrevista, pedindo que você nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é João Vieira de Rezende, sou de Itabaiana, Sergipe, eu nasci em 15 de maio de 1958.
P/1 – Você cresceu em Itabaiana?
R – Sim. Cresci em Itabaiana, mas aos 13 anos, eu viajei pra São Paulo, fui morar em São Paulo, na década de 70, passei seis anos em São Paulo.
P/1 – Me diga uma coisa, você… me conta um pouquinho como é que foi a sua infância em Itabaiana.
R – Nossa, a minha infância, embora não tenha sido uma infância que uma criança necessita, até porque minhas famílias eram de agricultores, então, a gente precisava trabalhar na lavoura e sempre que os meus pais iam pro sitio, a gente ia com eles pra poder ajudar lá nas tarefas da lavoura. Mas graças a Deus, meus pais sempre se preocuparam em nos colocar na escola, então ficava definido: quem estudava pela manhã, ia para o sitio pela tarde e quem estudava pela tarde, iria pro sitio pela manhã. E devido a essa situação, meu pai, além de agricultor, meu pai também fazia o comercio daquilo que ele produzia. Então, apos a safra, nós colhíamos e ele colocava a sua mercadoria num caminhão e saía para vendar nas feiras livres do nosso estado, mas precisamente, nas cidades de Propiá, Penedo em Alagoas e Neópolis, Propiá e Neópolis em Sergipe. E como ele levava além da mercadoria que ele produzia, levava também de terceiros, então ele tinha que comprar essa mercadoria e fazer o pagamento, mas devido ele ser uma pessoa muito boa, pacata, ele levava as mercadorias dele e de terceiros e deixava lá com os comerciantes e chegou um período que esses comerciantes passaram a não pagar. Ele entregava mercadoria numa semana e na outra semana da viagem, ele ia receber. E essas vendas foi acumulando e ele passou a ter dificuldade para cumprir a sua divida com os...
Continuar leituraP/1 – João, boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria de começar a entrevista, pedindo que você nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é João Vieira de Rezende, sou de Itabaiana, Sergipe, eu nasci em 15 de maio de 1958.
P/1 – Você cresceu em Itabaiana?
R – Sim. Cresci em Itabaiana, mas aos 13 anos, eu viajei pra São Paulo, fui morar em São Paulo, na década de 70, passei seis anos em São Paulo.
P/1 – Me diga uma coisa, você… me conta um pouquinho como é que foi a sua infância em Itabaiana.
R – Nossa, a minha infância, embora não tenha sido uma infância que uma criança necessita, até porque minhas famílias eram de agricultores, então, a gente precisava trabalhar na lavoura e sempre que os meus pais iam pro sitio, a gente ia com eles pra poder ajudar lá nas tarefas da lavoura. Mas graças a Deus, meus pais sempre se preocuparam em nos colocar na escola, então ficava definido: quem estudava pela manhã, ia para o sitio pela tarde e quem estudava pela tarde, iria pro sitio pela manhã. E devido a essa situação, meu pai, além de agricultor, meu pai também fazia o comercio daquilo que ele produzia. Então, apos a safra, nós colhíamos e ele colocava a sua mercadoria num caminhão e saía para vendar nas feiras livres do nosso estado, mas precisamente, nas cidades de Propiá, Penedo em Alagoas e Neópolis, Propiá e Neópolis em Sergipe. E como ele levava além da mercadoria que ele produzia, levava também de terceiros, então ele tinha que comprar essa mercadoria e fazer o pagamento, mas devido ele ser uma pessoa muito boa, pacata, ele levava as mercadorias dele e de terceiros e deixava lá com os comerciantes e chegou um período que esses comerciantes passaram a não pagar. Ele entregava mercadoria numa semana e na outra semana da viagem, ele ia receber. E essas vendas foi acumulando e ele passou a ter dificuldade para cumprir a sua divida com os fornecedores e ai, ele veio a falir, né, o ponto de não ter dinheiro para comprar o pão de casa, o pão propriamente dito, porque quando nós fomos para São Paulo, meu pai ficou devendo à padaria. Mas, no interior tudo é fácil, então o dono da padaria disse: “Antônio, o senhor pode viajar, pode ir embora, não se preocupe com essa divida. Quando o senhor voltar, o senhor paga”. Então ai…
P/1 – E esse sitio era do seu pai?
R – Era, era! Era um pequeno sitio de três tarefas, mas que produzia…
P/1 – “Três tarefas” é o nome do sitio?
R – Não… porque no interior, vende hectare… como os sítios são pequenos, então um hectare é muito grande, então a tarefa equivale a 0,3 hectares…
P/1 – Ah!
R – Então, o sitio era muito pequeno, então mais para produtos de subsistência.
P/1 – Mas nunca tinha ouvido essa expressão, bacana ela!
R – É!
P/1 –E o quê que vocês plantavam?
R – Verdura: cebola, tomate, uma série de verduras. E em alguma situação, quando não dava verdura, a gente alugava alguma terra vizinha pra plantar feijão. Mas mais especificamente, verdura.
P/1 – E quantos irmãos você tem?
R – Eu tenho 14 irmãos.
P/1 – Uau!
R – É, meu pai…
P/1 – Tudo do mesmo pai e mãe?
R – Pai e mãe, mesmos. E o bom…
P/1 – Você é o qual na escada?
R – Eu sou o quinto. A riqueza nossa é justamente essa família, porque embora sejam 15 filhos, 14 irmãos, é uma união incrível…
P/1 – Que bonito!
R – Então, quando um tá precisando, os 14 chegam, nunca brigamos.
P/1 – Que beleza!
R – Nunca brigamos! A riqueza da nossa família é essa, a união. Lá em São Paulo, quando nós morávamos em São Paulo…
P/1 – Me conta da ida para São Paulo, então.
R – A ida pra São Paulo? Como os meus pais tinham falido, os meus pais não tinham mais condições de comprar alimento, a gente não tinha mais como se alimentar, ai o meu tio que morava em São Paulo, irmão da minha mãe, ele já tinha seis filhos, e ai no sétimo filho, a esposa, minha tia faleceu de parto, porque esse meu tio… a esposa dele… eles dois eram irmãos dos meus pais, é como se houvesse uma troca, você namorar o meu irmão e eu namorar a sua irmã.
P/1 – Irmãos namoraram irmãos!
R – É! Então, eles são meus tios…
P/1 – Duplamente!
R – Isso. Então ai, quando no parto a minha tia faleceu, e esse meu tio, como ele tinha um empório lá em São Paulo, ele sentiu necessidade… naquela época, não tinha secretaria do lar, as crianças eram pequenas, não tinha quem tomasse conta dessa… minha tia faleceu no parto, mas a criança sobreviveu. Ai não tinha quem tomasse conta, como ele soube que lá a gente tava com dificuldade, tal, ai pediu para que o meu pai liberasse uma das filhas dele para tomar conta desse filho dele, desse neném. E ai, ela foi e logo com um mês…
P/1 – Sua irmã mais velha?
R – É, a minha irmã mais velha, a Maria. No segundo mês, já foi a outra irmã, no terceiro mês, já foi a terceira irmã, e ai, já foi o meu irmão, mas o meu irmão já foi de carona, de caminhão, pronto já foram os quatro, foram três irmãs primeiro.
P/1 – Ai, trabalhavam lá no armazém do seu tio?
R – Não. Ai, meu tio morava num bairro periférico, morava na zona leste de São Paulo e essa minha primeira irmã, meu tio era tão legal que ela ajudava em casa, mas foi trabalhar no Braz numa empresa de gravatas, chamada Duplex. Dai, chegou outra minha irmã, enquanto ajudava lá na casa lá do meu tio, ai conseguiu emprego na Philco, que fica no Tatuapé. Minha terceira irmã, enquanto também a situação se ajeitava por lá, ela conseguiu um emprego no Makro, ali na Radial Leste e ai, quando foi o meu irmão, ai entrou no Makro também.
P/1 – Mas ai, os seus pais foram também?
R – Ai depois que foram esses irmãos, que foi o quinto irmão… agora que eu tô lembrando que eu disse que eu era o quinto, mas eu sou o sexto, que foi o meu quinto irmão, ai eu fui junto com outro irmão mais novo que eu, a gente tinha 13 anos pra 14, a gente foi de carona de caminhão, de um parente lá…
P/1 – Aventura!
R – é, uma aventura. Ai, foi eu e o meu irmão, como a gente foi de carona, não na boleia do caminhão, não tinha espaço pra gente dormir, então a gente dormia assim, no piso onde… o motorista dormia na boleia ali no banco, onde ele dirigia, a gente dormia no chão, a gente era muito miudinho e ai, fomos nós dois. Depois que foram aqueles chamados os mais grandinhos, nee8, ai é que o meu pai foi logo em seguida com os pequenininhos, ai foram de ônibus.
P/1 – Quanto tempo vocês passaram em São Paulo?
R – Eu só passei seis anos, porque eu não me dava bem com alimentação e com o clima de lá.
P/1 – Muito frio?
R – Muito frio, alimentação eu não me sentia bem, eu passava mal quando eu viajava… mas antes de viajar, né, pra São Paulo, a gente tinha também, devido a essa situação que o meu pai quebrou, ai eu e os demais irmãos pequenos tinha que vender doces nas ruas, pra poder sobreviver, pra comprar um alimento. Ai, quando cheguei em São Paulo, eu pensava que eu ia pro paraíso, né: “Até que enfim, vamos sair dessa vida de vender doce na rua e tal, vou pra São Paulo, São Paulo é um paraíso”, quando eu estive lá, fui pra zona leste, é um lugar bem deserto, não tinha luz, não tinha água, não tinha calcamento, não tinha nada. A casa que a gente foi morar, a água era de poço e a gente tinha a maior dificuldade para sobreviver. Mas com o passar dos tempos, né, a gente foi encontrando solução, um trabalhando, outro trabalhando, meu pai, logo que chegou em São Paulo, o vizinho arrumou emprego, ele foi trabalhar de entregador de encomendas da transportadora Estrela do Norte e ai, a vida passou. Só que quando chegou em 77, que eu tinha 6 anos que eu tava trabalhando… morando lá, surgiu uma oportunidade de um caminhoneiro apareceu lá em casa e eu disse pros meus pais: “Eu não aguento mais ficar aqui, eu vou…”, a principio, eu vim para passear em Sergipe, retornei para passear, ai quando chegou em Sergipe, eu falei pra minha tia: “Se eu arranjar um emprego aqui, eu vou ficar em Sergipe”, ela disse: “Pode ficar”, eu disse pra ela que eu não aguentava mais morar em São Paulo, ai foi quando surgiu uma oportunidade de uma empresa da Bahia que foi fazer um serviço de ampliação da rede elétrica, e ai, eu consegui um emprego provisório, dois meses lá trabalhando, e de repente, surgiu o concurso dos Correios. Ai, um colega me convidou: “João, vai ter o concurso dos Correios, você não quer fazer?”, ai eu disse: “Opa, eu gostaria, porque eu vou ficar em Sergipe, se eu arrumar um emprego, vou ficar em Sergipe”, e graças a Deus, nesse concurso eu consegui passar e ai eu falei pra minha tia: “Não vou voltar não”, ai mandei uma carta pra minha mãe, disse: “Mãe, eu vou ficar aqui em Sergipe, que eu não aguento ficar ai não”. Ai, deixei meus pais e os meus 13 irmãos, porque um nasceu lá. Ai, foi quando eu comecei a trabalhar nos Correios e ai, começou a minha nova vida.
P/1 – E ai, você se lembra o ano, é esse ano…?
R – Foi em 78, dia 22 de abril de 78 que eu entrei nos Correios. Foi…
P/1 – Trinta e cinco anos.
R – Trinta e cinco anos de Correios. Que coisa maravilhosa!
P/1 – Me conta, você foi trabalhar em que parte?
R – Quando eu cheguei nos Correios, ai foi… ai, a minha sorte, né, porque o colega que me chamou disse: “João, vai ter o concurso nos Correios, só que quem passar, vai iniciar como auxiliar de serviços gerais e tem que lavar… tem que fazer faxina nas agências, porque os Correios não contrata ninguém, tem que fazer a faxina e dessa faxina tem que lavar o banheiro, tem que encerar o prédio pelo menos semanalmente, você topa essa parada?”, eu topei, mas tinham uns colegas que estudavam, que já estavam no ensino médio estudando, eles falaram: “Fazer faxina eu não vou”, e essa turma era vamos dizer assim, mais inteligente, se eles fossem participar do concurso, poderia ter passado, né, mas eu disse: “Não, eu topo tudo, tô aqui pra trabalhar”. E ai, quando eu entrei no Correios, auxiliar de serviços gerais, eu que pegava o malote, chegava na agência, fazia faxina, botava água pra turma beber, então, eu era o verdadeiro apoio ali daquela agência. Então, fiquei muito feliz de ter iniciado nos Correios.
P/1 – Isso em Sergipe mesmo?
R – Em Sergipe, na cidade de Itabaiana.
P/1 – Lá em Itabaiana?
R – Na cidade de Itabaiana.
P/1 – E você foi… quer dizer que você não foi para Aracaju, você voltou para a sua cidade mesmo?
R – Minha cidade, fui.
P/1 – E ai, me conta, e você foi… como é que foi melhorando… sua carreira no Correios…
R – Deus que me puxou, né, porque quando eu entrei nos Correios, que eu fui para esse serviço, mas você pensa que eu achei ruim? Eu fiquei super feliz, qualquer serviço que aparecesse no Correios eu fazia com o maior prazer. Ai, com dois meses que eu estava de auxiliar de serviços gerais, o auxiliar de serviços postais, que era um cidadão… o atendente que trabalhava no balcão vendendo selos pediu demissão. Ai, o gerente viu o meu empenho, a minha vontade, disse: “João, você que vai para o serviços postais, eu vou abrir um concurso agora para os gerais, mas você que vai para os postais”. Eu sempre atendi bem e conhecia muito as pessoas em Itabaiana, embora tivesse viajado, né, passado fora um período e eu sempre procurei atendei bem, até porque a empresa nos orientou em atender bem e eu tinha o maior prazer em atender bem, ai eu ganhava doce, ganhava frutas, o povo do interior ia pra lá, trazia bebidas, eu atendia com o maior prazer e grande satisfação e eu ganhava muita coisa. E ai, em dois meses também, o balconista, que era um nível acima do auxiliar dos serviços postais, recebeu uma promoção para trabalhar em outra cidade, e ai, surgiu a oportunidade para ser balconista. Ai, o gerente falou: “João, você vai ser balconista”, ai logo, logo, eu fui promovido quando eu ganhava assim, em torno de três salários mínimos ou quatro, eu passei a ganhar uns dez salários mínimos
P/1 – Opa!
R – Pra mim, eu era rico, era uma função que me dava assim, um respaldo financeiro muito bom, ai eu passei a ajudar a minha tia, ela ficou super feliz e ai eu fiquei…
P/1 – E mandava dinheirinho para São Paulo?
R – Não.
P/1 – Família continuava em São Paulo?
R – Não mandava, porque embora a minha família tenha ido pra lá sem nenhum tostão, o pessoal lá já tinha começado a trabalhar…
P/1 – Já tava todo mundo se arrumando.
R – E lá, quando a gente trabalhava, a gente chegava em casa com o salario: “Mãe, olha aqui o salario”, ai ela que pegava o salario e dizia assim: ‘Filho, esse aqui é pra você”, mas o salario todo a gente entregava para a nossa mãe.
P/1 – E ela que era a gerentona?
R – É! Ela que organizava tudo. Pra você ter uma ideia, lá em São Paulo, minha mãe quando ia fazer compras, não comprava dois quilos de feijão, ela comprava uma saca de feijão, uma saca de arroz…
P/1 – Também com 14 filhos!
R – Nossa, não durava! Os produtos acabavam logo.
P/1 – Não tinha o que bastasse…
R – É, os pães era assim, era 50 pães que comprava por dia.
P/1 – Uau!
R – Era 50 pães, porque a turma lá em São Paulo tinha o hábito de tomar café de manhã e tomava à noite também, tinha o jantar, né, aquele hábito de jantar o feijão e o arroz, mas tinha sempre depois, tinha o café. E era 50 pães e…
P/1 – Nossa!
R – Ai como o pessoal… todo mundo entregava o dinheiro lá pra minha mãe, ela pegava o dinheiro para ela administrar…
P/1 – Porque ela que administrava a casa.
R – Ela só trabalhava em casa…
P/1 – Era um trabalho… ela só trabalhava em casa, mas era um trabalho…
R – Eu não precisava mandar dinheiro pra lá, então eu ajudava a minha tia. Minha tia ficava super feliz. Mas ainda, mesmo assim, eu ainda, depois que a minha tia faleceu, eu achava que eu devia ajudar a minha tia, mas ela dizia: “Não, meu filho, você já tá me ajudando muito”, mas eu achava que eu podia ajudar ela. Mas ai, quando… eu também comecei a pensar no meu futuro, né, procurar formar uma família, porque eu não tinha… quando a minha tia faleceu (choro)…
P/1 – A sua tia ficou meio mãe, né?
R – Ela era muito boa pra mim (choro), ela era minha outra mãe.
P/1 – Me diz o nome dela.
R – Tia Bete (choro)
P/1 – Tia Bete?
R – Ela era muito boa pra mim (choro).
P/1 – Ela tinha filhos também?
R – Não. Ela criava uma irmã… mas a gente, depois dessa situação, eu graças a Deus, coloquei na minha mente: ‘eu vou conseguir uma pessoa pra ser a minha esposa. Eu não vou namorar por namorar, só vou ver uma pessoa que eu possa amar e que possa ser mãe dos meus filhos’. Foi ai que eu consegui encontrar uma pessoa que casei e graças a Deus, tive três filhos, mas logo no inicio tive um baque muito forte, minha filhinha com nove meses tinha o corpinho, embora seja franzino, mas ela nasceu forte e com nove meses, ela tinha dois anos, tinha o bracinho muito gordinho, mas ela pegou uma hepatite viral assim muito forte, se chamava Hepatite B, e na época, não tinha cura, ai ela veio a falecer, mas eu me peguei muito com Deus, né, e (choro) Deus sabia o que tava fazendo. Ai, Deus, com um ano, mandou outra filhinha. Eu falava: Deus, o senhor sabe o que faz (choro), o senhor sabe o que faz”. Ai, ele me mandou outra filhinha. Ai, a gente começou a tocar a vida e ai…
P/1 – Você não me disse o nome da sua esposa.
R – É, minha esposa, ela é professora, educou muitos alunos, ela hoje, tá aposentada, Maria Edileuza Silva Rezende, está aposentada, dedicou-se assim, aquela professora que a gente chama de mãe, né, quando a gente é criança do primário, né, antigamente era chamado primário, hoje é ensino fundamental, ai a gente… é aquelas professoras que a gente chama de mãe, então muita gente ainda hoje agradece a ela por ser a pessoa que é, pela dedicação que ela foi como professora e ai, a forma como ela educou os alunos dela, ela educou os nossos filhos. Ai depois da minha menina, a primeira foi Marcia Vanessa, que faleceu, e a segunda foi Larissa. Larissa hoje tem 26 anos, se formou, é engenheira civil, tá trabalhando. Depois veio o Lucas, Lucas Silva Rezende, o Lucas também com 22 anos, hoje, ele é fisioterapeuta, já está trabalhando e ai, a gente nunca deve esquecer que existe um ser maior, e esse Deus que existe está sempre com a gente, basta que a gente queira que ele esteja com a gente. E ai, foi onde eu pude crescer e formar a minha família através dos Correios.
P/1 – O que eu quero também saber, João, qual foi o momento que você foi estudar?
R – Por isso que eu… as pessoas acham isso hoje, muito interessante, que eu tenho uma menina com 26 anos, já tem quatro anos que é engenheira e tenho um garoto com 22 anos que já é fisioterapeuta, já trabalha. Então, eles se formaram… ele entrou na faculdade com 16, 17 anos…
P/1 – Beleza!
R – Na Universidade Federal de Sergipe. E eu, eu vim fazer o segundo grau na década de 80, eu já estava com 18 anos, que eu fui fazer uma faculdade 18 anos após ter tirado o ensino meedio, eu me formei o ensino médio em 78, 80 e fui fazer uma faculdade em 98. Quando eu entrei na faculdade, que eu vi aquele povo lá, aquele pessoal lá, eu disse: “Meu Deus, o que é que eu vim fazer aqui?”, 18 anos que eu não tinha entrado numa sala de aula. Mas me dediquei, fiz Pedagogia com habilitação em Administração Escolar, quatro anos e meio de curso, estudando e trabalhando. Gosto muito da função de Pedagogia, mas não pude exercer a função de pedagogo, embora faço hoje nos projetos Correios nas Escolas, trabalhando com as crianças, fazendo palestras sobre filatelia.
P/1 – Eu quero chegar ai nessa parte da… mas antes, me conta um pouco mais quando você ainda tava em Itabaiana, né?
R – Sim.
P/1 – Ai, vocês ficaram morando quanto tempo em Itabaiana? Você foi promovido, você contou que foi promovido, com um salario foi melhor, né?
R – Isso!
P/1 – Pode formar família, e ai?
R – Ai, com 20 anos que eu trabalhava em Itabaiana, nos Correios de Itabaiana, ai surgiu um concurso para ser assistente comercial em Aracaju. Foi ai onde eu me mudei pra Aracaju, primeiramente, fui sozinho, passei seis meses morando só, deixei a minha família em Itabaiana, ai eu ficava estudando na faculdade e trabalhando de assistente comercial em Aracaju, mas logo em seguida consegui trazer a família, com seis meses após, no ano seguinte, eu consegui trazer a família para Aracaju e onde a minha esposa continuou dando aula e os meus filhos estudando em Aracaju. Então, eu comecei de assistente comercial lá em Aracaju e tô há 18… há 15 anos lá nos Correios de Aracajú.
P/1 – E me conta como que foi essa passagem para agência filatélica.
R – eu cheguei logo em Aracaju trabalhando na gerencia de vendas, passei três anos na gerencia de vendas, trabalhei… conheci os Correios, todos os setores dos Correios. Ai, da agência de Itabaiana, fui trabalhar na gerencia de vendas, da gerencia de vendas, trabalhei três anos, fui trabalhar na gerencia de recursos humanos, na área de integração e quando entrei no Recursos humanos, fui trabalhar na gerência de agências, é a gerencia que toma… que cuida das agências de todo o estado. Ai depois dessa gerência de agências, fui trabalhar na gerência de administração, que é a gerência que trabalha na contratação do serviço dos Correios, trabalha na contratação de terceiros. Depois da gerência de administração, fui convidado para trabalhar na filatelia. Quando houve o convite para trabalhar na filatelia, ai eu soube que era para trabalhar com selos comemorativos, tinha também esse detalhe de trabalhar com as crianças, ai foi onde realmente eu me empolguei. Em 2005, eu fui para a agência filatélica. E ai, quando eu fui para agência filatélica que eu olhei na gaveta lá, vi um banco de dados com endereço de filatelistas, endereços de pessoas assim, eu perguntei: “O que é isso?” “São filatelistas que fazem parte aqui da associação, mas tudo isso foi desativado, nunca mais apareceu aqui filatelista, ou clube filatélico, tá desativado, nunca aconteceu o lançamento de selos”, ai foi quando eu peguei aquele banco de dados, fiz uma cartinha com resposta tipo devolução… carta resposta, mandei 150 cartas para os filatelistas…
P/1 – Que eram esses nomes lá da lista?
R – Esses nomes lá, é! Ai, encaminhei pra eles dizendo, perguntando se eles não gostariam de formar o clube filatélico, se eles estavam ativos e dessas 150 cartas, voltaram 15, ai eu disse: “Graças a Deus, volta 10%”, ai desses 15, uns dez diziam: “Eu gostaria de formar um grupo filatélico”, ai eu já mandei novas correspondências, convidando eles para uma nova reunião, eles compareceram e ai, surgiu a ideia de formar a Associação Filatélica, fundamos a Associação Filatélica, registramos em cartório e hoje, a gente tem um grupo filatélico lá em Sergipe.
P/1 – É o grupo filatélico de Sergipe?
R – É, chama Associação Filatélica e Numismática de Sergipe, porque dentre esses filatelistas, tinham pessoas que colecionavam cédulas e moedas e esse pessoal chama “numismático”, e ai, a diziam: “Não dá para colocar… a gente agregar?” Dá, sempre há espaço. Ai, colocamos Associação Filatélica e Numismática de Sergipe.
P/1 – E você reativou toda uma parte que tava dormindo, né, tava abandonada?
R – Foi, foi muito bom porque velhos filatelistas se encontravam, passaram a se encontrar, passaram a ter contato, passaram a fazer perguntas sobre selos, eles incentivam as crianças quando a gente faz o projeto Correios nas Escolas, e vai as escolas, a gente convida eles a comparecer nas reuniões na agência central, que a gente… como eles não tinham espaço, a gente abriu espaço pra eles lá nos Correios e ai, a gente tem essa integração das pessoas, né, e é muito bonito, porque tem uma frase na filatelia que diz assim: “Quem coleciona selos nunca está sozinho porque faz muitos amigos”…
P/1 – Que lindo!
R – Há essa coisa bonita, essa coisa maravilhosa, há essa integração. A filatelia aproxima as pessoas e a gente fica feliz quando eles se empolgam, quem entra na filatelia fica apaixonado, se apaixona e com esse amor que a gente tem pelo selo, pela filatelia em si, pelas pessoas, a gente acaba se apaixonando pelas pessoas, começa a ter um carinho, passa a ter um conhecimento muito grande, muito amplo.
P/1 – João, era um mundo novo para você, né, essa parte toda da filatelia, da agência filatélica, primeiro, me conta como é que funciona a agência filatélica, como que é uma agência filatélica assim, para quem também não conhece? É diferente de uma agência normal, né?
R – É!
P/1 – Então me explica direito.
R – É na verdade, é um mundo novo, que a gente passa a receber pessoas assim, especiais, o filatelista, ele é muito criterioso, ele tem um carinho muito grande pelo selo, pela cultura, pela nossa historia. Então, ele procura preservar muito isso, eles ajudam as outras pessoas, então, eu comecei a conhecer a filatelia e através deles, conhecer aspectos científicos, a filatelia tem muitos detalhe, a filatelia tem detalhes incríveis, que a gente… quando a gente passa a conhecer, a gente fica assim, abismado de ver, porque na verdade, aquele pedacinho de selo não é meramente um pedacinho de papel, é a nossa historia, é a historia do nosso país, a gente fica encantado com tudo aquilo, a gente aprende muito com isso, a gente pode contribuir muito com a nossa história, com a nossa cidade, com a nossa terra, com o nosso país. Então foi realmente um desafio muito bacana e hoje, quando… a gente não lançava um selo lá em Sergipe, hoje, a gente lança em média, dez a 12 selos por ano, esse ano, 2013, nós já lançamos entre os selos oficiais e personalizados, nós já lançamos 15 selos, temos mais dois selos para ser lançados lá em Sergipe. Então, isso é uma coisa gratificante.
P/1 – E são selos específicos de Sergipe, ou… ou também são nacionais?
R – Não, são selos assim, que os Correios lançam, né, tem uma programação, até o mês de junho, o Correios recebe sugestões de temas que tem a ver com a nossa historia, e ai, vai para um conselho lá em Brasília, esse conselho tira aqueles temas, aquelas sugestões que têm alguma coisa mais forte sobre a nossa cultura e ai, os Correios já programam os selos de 2014. Então, os selos de 2014 já foram programados no mês de junho, aquele conselho já se reuniu e já escolheu os selos para 2014. E esses selos que vão ser lançados, aqueles que têm a ver com Sergipe ou Brasil, que pode ser lançado em Sergipe, a gemente lança e também agora, os selos personalizados, que marca historicamente os 50 anos de uma pessoa, de uma instituição, determinadas datas que eterniza através dos selos personalizados.
P/1 – Tá certo. E essa parte da associação filatélica faz contato com outras associações do Brasil, né?
R – Outras associações, outras entidades, a gente fortalece, a gente cria laços assim, importantes, um contribuindo… uma instituição contribuindo com outra, muito bacana, mesmo!
P/1 – Então, na agência filatélica, você já está desde quando?
R – Eu entrei em 2005, estou há oito anos, super feliz. Super feliz! Já me aposentei, estou assim, aposentado, porque eu trabalhei três anos em São Paulo numa empresa, na Henri Matarazzo, faliu, né, ai quando eu voltei… já tô com 35 anos… quando eu completei 35 anos de contribuição, eu dei entrada, mas a filatelia e os Correios assim, nos dá tanto orgulho, tanto prazer, que eu não sei, eu posso até me afastar breve, mas ainda não tenho assim, a ideia de… de… enquanto eu puder contribuir com os Correios, com a população, me sentir gratificado, tô ai nos Correios, porque é um grande orgulho, ser funcionário dos Correios é um orgulho imenso, porque criei minha família através dos Correios, porque os Correios dá total apoio para os seus funcionários, e dá apoio para que a gente possa crescer, eu já poderia ser assim, uma pessoa muito mais importante nos Correios, se não fui, é porque eu não me interessei, porque os Correios abre espaço pra gente. Então, é um orgulho ser funcionário dessa empresa maravilhosa. Eu brinco com os colegas, que eu digo assim: “Olha, hoje eu sou 10% dos correios, porque os Correios completaram 350 anos e eu tenho 35 anos, então eu sou um pedacinho dos Correios”, e gratifica a gente, a gente tem orgulho, a gente tem orgulho.
P/1 – João e me conta, você já tinha vindo participar de uma Brasiliana, como que é, ou é a sua primeira vez?
R – Uma Brasiliana não, porque a Brasiliana…
P/1 – É de quanto em quanto tempo?
R – É de dez em dez anos, mas essa Brasiliana já… já aconteceu… ultima foi em 80 e… tem uns 20 anos que aconteceu a Brasiliana
P/1 – Nossa, nem sabia!
R – É, tem uns 20 anos. Então, a previsão agora é que só tem em 2023, porque é de dez em dez anos que ela possa acontecer. É que ela é uma exposição mundial, né, nós temos as nossas… as nossas exposições, né, BRAPEX, LUBRAPEX, SUPOSTAL, NORTEX e outras exposições no Pantanal Mato-grossense…
P/1 – Você tem participado dessas?
R – Tenho participado, nos últimos seis anos eu tenho participado e tem sido um sucesso essas exposições, porque as pessoas ficam assim, super interessadas e gratificadas em poder participar dessas exposições que levam a cultura, levam a informação para toda sociedade.
P/1 – E aqui na Brasiliana, o quê que você tá achando desta exposição desse porte internacional?
R – Eu tenho mexido com uns colegas em Brasília, né, que em Brasília é onde está localizado o departamento de filatelia, e eu procuro contribuir o máximo que eu posso através de Sergipe lá dando as minhas sugestões. Como na verdade, é uma coisa complexa, nem todas as sugestões minhas e de outros colegas dos outros estados são implantadas, aqui essa Brasiliana, a coisa mais linda, uma coisa maravilhosa, uma coisa rica, mas a gente… eu gostaria de ver de outra forma, a Brasiliana, ela está aqui, que os filatelistas estão tendo essa oportunidade de poder participar, os filatelistas, mas eu gostaria que a população do Rio de janeiro pudesse participar, pudesse conhecer. Então, a sugestão é que pudéssemos convidar a sociedade, alguns esforços foram colocados a disposição da população do Rio de Janeiro, mas não chegou ainda a tal conhecimento da população. Então, a gente precisava fazer um esforço especial para que a gente pudesse colocar o publico de modo em geral aqui, não só filatelistas, para que a população pudesse conhecer a riqueza que é isso aqui. Isso é uma riqueza imensa, incalculável, o valor financeiro é pequeno, o valor cultural da nossa riqueza é muito grande que está aqui. Então, mais pessoas poderiam conhecer essa maravilha que é isso aqui, essa empresa cultural.
P/1 – Tem razão. E você aqui, você tá trabalhando ou você veio mais pra visitar também?
R – Não.
P/1 –Vaio a trabalho?
R – Trabalhando. O projeto, ele é gigantesco e necessita de muita gente para dar apoio e de forma democrática, o departamento de filatelia convida os… todos aqueles que estão envolvidos em filatelia no Brasil, para que possamos apoiá-los. Então, um grupo fica nas oficinas filatélicas, onde estudantes são convidados a participar, a montar a sua coleção; outro grupo fica fazendo monitoramento desses estudantes; outro grupo dando suporte aos filatelistas, então tem vários setores em que essa coordenação precisa desse apoio de todos os colegas, então envolvem aqui cerca de 80, 100 funcionários. Então, a gente vem para dar apoio, para trabalhar neste evento, que é gigantesco.
P/1 – Você tinha falado também, que eu queria voltar a isso, do trabalho que vocês fazem na agência com criança também.
R – Sim.
P/1 – Conta um pouquinho.
R – Um projeto muito bonito, projeto Correio nas Escolas é para mostrar a importância cultural que é passada através dos selos. Então, a gente sempre diz, como eu já falei aqui, o selo não é uma figurinha, o selo não é apenas um pedacinho de papel, naquele selo tem historia, tem a nossa historia e a gente passa isso para as crianças no projeto Correios nas Escolas, mostrando para elas que colecionar selos é conhecer, é fazer uma viagem cultural por todo universo, que cada selo conta uma historia e o selo, ele envolve vários temas: literatura, ciências, esportes, parques, monumentos históricos, personalidades, teatro, cinema… então, a gente mostra para as crianças, para os estudantes que eles procurando colecionar selos, que hoje ainda é o maior hobby do mundo, colecionar selos, filatelia ainda é o maior hobby do mundo. Nós temos hoje no mundo… não podemos dizer de forma concreta, mas a informação que existe dentre os filatelistas é que hoje, ainda nós temos 30 milhões de filatelistas no mundo. Agora, com a evolução da informática é que alguns filatelistas foram deixando suas coleções de lado e tal, ai que a gente tá procurando trazer as crianças e os jovens para que eles possam dar continuidade a esse belo trabalho da filatelia, trazer a nossa cultura, para que possamos conhecer a nossa cultura e agregar pessoas, relações pessoais, relações humanas, isso é feito através da filatelia, através do selo.
P/1 – Tá certo. Nesses 35 anos de trabalho nos Correios, tem alguma historia marcante, curiosa, interessante, que você gostaria de contar?
R – Sempre tem, né? Tem muitas…
P/1 – Então me conta uma que você lembra de trabalho.
R – Pessoas… chegou um cidadão lá na cidade de Itabaiana e ele não conhecia, ele queria conhecer alguém na família. Era em outra cidade e através dos Correios, ele chegou nos Correios e passou pra gente essa necessidade de conhecer essa pessoa que… esse parente…
P/1 – Ele queria encontrar…
R – Ele queria encontrar, mas não foi uma ação de um único funcionário da agência dos Correios em Itabaiana, foi do grupo, inclusive do nosso gerente Juarez Ferreira de Góes, que foi uma pessoa muito boa e ai, ele através da sua inteligência, utilizou de um meio rádio. Nós tínhamos uma emissora de rádio lá na cidade de Itabaiana, chamada Radio Princesa da Serra, AM e através do radio, ele conseguiu, ele pegou as informações dessa pessoa, né, e conseguiu passar lá para o locutor, disse: “Olha, nós estamos aqui tentando localizar essa pessoa, que tem alguém aqui na cidade de Itabaiana procurando por ela”, e através do rádio, via Correios, ai essa pessoa conseguiu localizar o parente dela. Então, isso nos deixou assim, muito gratificados, porque através dos Correios, a gente pôde ajudar alguém e foi assim, um momento assim, muito importante.
P/1 – É um pouco o papel dos Correios, né, aproximar as pessoas.
R – É! Os Correios tem esse papel. E o interessante também, além desse caso é que existem centenas de casos através dos Correios, é sempre aquelas cartas que vêm assim: “Essa carta é para ser entregue e dona Maria Francisca, que mora no sitio tal, que fica perto do armazém do senhor Manuel, filho do seu Antônio Joaquim…”, assim, coisas mais ou menos assim, nada de endereço, nada de endereço, só informações, e assim, dando sempre caminhos que a gente pode ir… o quê que a gente faz quando encontra uma correspondência dessa? A, principalmente pessoas do interior, né, principalmente. Ai, a gente começa a pesquisar: olha, fulano de tal, Joaquim de Maria Francisca, a gente tem esse hábito de conhecer as pessoas assim no interior, o armazém do seu Manoel no sitio ou no povoado tal, e ai através desse caminho, a gente vai chegando e a gente consegue entregar essa carta.
P/1 – Chega?
R – Chega! Através dos Correios, aproxima as pessoas
P/1 – É maravilhoso!
R – Coisas assim, que nos deixa gratificados com isso, né? A gente fica emocionados com isso, né, porque ajuda…
P/1 – E isso tem mais do que a gente imagina, não é, João?
R – Tem, tem.
P/1 – Principalmente no interior, né? Tem essa… é fantástico essa historia, acho…
R – Então, tem esse espaçozinho que a gente fica muito feliz de poder contribuir em aproximar pessoas e o Correios tem esse papel e ai ouvir os seus funcionários, eu diria, 100% dos seus funcionários, você se sente feliz em poder fazer isso. Claro que hoje nós estamos em um tempo mais moderno, existe uma correria muito grande, mas sempre que possível, a gente tá aproximando pessoas. Os Correios ainda continuam aproximando pessoas e ai, a gente agora está indo mais longe, muito mais longe. Então, a gente fica muito feliz assim, de pertencer a uma empresa como essa, que além de executar a nossa missão, o nosso trabalho, a gente pode de outra forma, contribuir com coisas assim que faz parte do ser humano, a gente poder ajudar pessoas.
P/1 – João, e a sua família, ficou em São Paulo ou voltou para Sergipe?
R – O interessante é isso, né, que os meus pais sempre tiveram o sonho de retornar, meus pais retornaram pra Sergipe, tiveram o prazer de retornar, a minha mãe, infelizmente, mas faz parte da vida, há dois anos atrás, ela faleceu, mas faleceu feliz, porque voltou para a sua terra, deixou… um pouco triste, porque deixou dez filhos em São Paulo, então hoje eu tenho dez irmãos em São Paulo e tenho quatro em Sergipe. Graças a Deus, vivos, né? E meu pai está vivo, tem 83 anos, feliz, porque tá na cidade dele, na terra dele e os dez irmãos em São Paulo loucos pra voltar, mas já formou família, já tem netos…
P/1 – Trabalham lá…
R – Trabalham, já torna mais difícil. Mas a gente, também…
P/1 – Vocês conseguem se reunir, de vez em quando?
R – Sim. Há essa oportunidade, tivemos essa oportunidade de nos ver em São Paulo, de vez em quando, tem 40 pessoas da mesma família, irmãos, sobrinhos, primos, pessoas da mesma família. Uma família assim, muito feliz, muito grande e a gente tem assim, essa oportunidade. Eles vão a Sergipe, sempre tem, né. Esse contato. Agora, muito mais fácil. Antigamente não, a gente não tinha nem telefone, então era mais através da carta, mas era rápido, naquela época, eu recebia carta em Itabaiana com dois dias. Mas eu escrevia todo dia.
P/1 – Você escrevia?
R – Ah, nossa senhora! Eu tinha uma vontade assim, saudades dos meus pais e meus irmãos, ai todo dia eu escrevia uma carta e eu recebia lá no Correios ,mesmo, os colegas já entregavam pra mim mesmo, eu recebia… já cheguei a receber cartas de São Paulo em Itabaiana, Sergipe com um dia, porque eu recebia lá na agência mesmo. Então assim, a historia dos Correios é fascinante…
P/1 – E a família longe, né, aquela saudade aperta, ai a carta que ajuda.
R – Verdade, e são dez irmãos em São Paulo. A gente ter essa oportunidade de se encontrar ainda hoje é muito bom, muito gratificante.
P/1 – Joao, tem mais alguma historia que você gostaria de contar?
R – Não. A única coisa que eu gostaria só de concluir, né, não sei se é o caso, eu tenho um agradecimento muito forte, vou fazer isso na minha despedida dos Correios, dizer aos Correios que eu tenho muito orgulho de ser funcionário dessa empresa, que me ensinou muito, me mostrou muita coisa da vida, minha família, hoje, está ai formada graças também aos Correios e é uma empresa que todos nós que trabalhamos no Correios, devemos nos orgulhar, porque ela nunca tirou um direito nosso assim, sempre procurou nos dar a condição de trabalhar. Então, é um orgulho muito grande fazer parte dessa família Correios, que hoje tem mais de 100 mil funcionários, 120 mil funcionários, então para os colegas dos Correios, gostaria de passar isso aos colegas e para toda população brasileira, ser funcionário dos Correios é um orgulho particular, um orgulho nacional.
P/1 – João, eu queria te agradecer a sua bonita historia, uma historia espetacular, realmente muito bonita
R – Realmente agora que eu quero finalizar, agradecendo e parabenizando vocês por esse trabalho que nas relações humanas, nós precisamos disso, vocês observaram que eu me emocionei, porque todos nós precisamos de um diálogo, acabei chorando aqui pra o colega que está fazendo essa filmagem e para todos vocês que estão tendo a oportunidade de ver este filme, nós precisamos ser irmãos, precisamos crer nesse arquiteto do universo, nesse Deus que existe e é essa… é isso que é importante pra nossa vida, essa relação humana, então muito obrigada.
P/1 – Muito obrigada João.
FINAL DA ENTREVISTA
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