Álvaro Evangelista Sales

Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras

Depoimento de Álvaro Evangelista Sales

Entrevistado por Miriam

Manaus, 02 de julho de 2003

Realização Museu da Pessoa

Depoimento PETRO_CB185

Transcrito por Transkiptor

00:00:23 P/1 - Podia repetir para a gente seu nome, data e local de nascimento?

00:00:28 R - Eu nasci no dia 12 de 4 de 1961 em Fortaleza, Ceará. E o meu nome é Álvaro Evangelista Sales. É mais conhecido como Salles dentro da companhia.

00:00:40 P/1 - E como é que se deu o teu ingresso aqui na empresa?

00:00:46 R - Na realidade, ele tem uma história interessante. Na realidade, antes de entrar na Petrobrás, eu fui militar. Eu era segundo sargento da Força Aérea Brasileira, eu era mecânico de voo, de onde lá eu passei 10 anos. Então, quando eu era criança, eu basicamente vi os aviões passarem no céu e então eu dizia assim, olha, um dia eu vou ser piloto de avião. E eu não consegui, porque eu vim de uma família pobre, e quando eu consegui, digamos, prestar um concurso preparatório para entrar na escola de formação, já foi a última chance, eu não passei. Como eu não podia entrar como piloto, eu perguntei o seguinte, como é que eu faço para andar junto com os pilotos? Então tem que ser mecânico de voo. Aí eu fiz concurso para a Força Aérea, para a Escola de Espécies Aeronáuticas, em 1979, passei, aonde lá vim a ser mecânico de voo. onde passei praticamente 10 anos voando Hércules, avião cargueiro da Força Aérea Brasileira, trabalhando inclusive num esquadrão de busca e salvamento, onde eu salvei muitas vidas, essa vida que eu tenho aí lá fora. Só que chegou um momento lá que esse desejo de voar esgotou porque eu já tinha casado, tinha um filho já. Como eu vivia dentro de um avião e andava pouco em casa, eu queria ver meu filhote crescer e estar mais junto com minha esposa. Então eu optei por outra coisa. E um desejo meu antes de entrar na aeronáutica era um dia trabalhar em uma das três empresas que naquele tempo no Brasil era falado, que era Petrobras, Banco Brasil, Receita Federal. Mas a Petrobras tinha muita coisa assim comigo porque a minha família nasceu de pessoas técnicas, né? Eu tenho um avô que for mestre de mecânica de navios, né? Primos, tios. E aí eu vivi e cresci em cima disso e um dia eu queria ser dessa área, né? Como eu era mecânico de avião. Então eu entrei na Petrobras e fiz concurso de mecânico, né? Na Petrobras. Só que pra mim entrar na Petrobras tem uma coisa assim bem interessante. Porque eu já andava dentro do meu carro com a papelada pronta pra arranjar um novo emprego. Porque quando a gente quer, a gente já tem que andar mais ou menos assim. E eu vinha de uma férias de Fortaleza, voltando de Fortaleza pra Recife, onde eu trabalhava na aeronáutica, então. Aí eu passei Natal, e em Natal minha esposa tem uma tia ficando lá, e lá a gente... Eu peguei um jornal assim que cheguei e tinha lá concurso para Petrobras, né? Isso era uma quinta-feira e o jornal era de quarta-feira, quer dizer, do dia anterior. E encerra hoje para mecânica, quer dizer, já havia encerrado. Como eu não desisto fácil, né? Eu sou muito persistente, insisto muito nas coisas que eu quero, né? Eu, mesmo assim, de imediato larguei o jornal e disse, filha, eu tô indo ali. Não disse pra onde é que eu ia. E fui em busca onde era a Petrobras lá em Natal, que até então eu não sabia. Eu também não conhecia a Natal naquela época. E chegando na portaria da Petrobras eu cheguei lá com segurança e disse, como é que eu vou fazer para entrar aqui? Aí eu me lembrei que há uns tempos atrás eu tinha conhecido um engenheiro, engenheiro Francisco, que trabalhava na manutenção, através de um compadre meu, tio da minha esposa. E aí eu me lembrei do Engenheiro Francisco, cheguei na porta e eles queriam falar com o Engenheiro Francisco. Aí o segurança me identificou, me colocou o crachá de visitante e disse, olha, ele fica lá naquele galpão de manutenção. Só que quando eu fui lá para o galpão de manutenção, na realidade a minha meta era ir na área de treinamento. Aí eu perguntei lá ao primeiro colega que encontrei, a pessoa me disse, olha, o bloco da área de treinamento fica lá. Eu fui, chegando lá, procurei o chefe do setor de treinamento, que naquela época era o Sr. Ivanildo. E a secretária dele me atendeu, já estava terminando o expediente da manhã, ele foi muito gentil, e eu expliquei, olha, eu acabei de chegar de Fortaleza, vim exclusivamente para fazer a inscrição, na realidade eu estava passando, né? E eu queria ter essa oportunidade, porque me falaram que estava aberto até sexta, e de repente no jornal que eu vi hoje, que encerrou ontem, Mas eu não queria dar minha viagem perdida, porque é um sonho que eu queria entrar nessa empresa. Aí eu disse... Aí chamou lá o colega e disse, não, é o seguinte, já fechou externo, mas tá aberto interno, mas devido a sua situação... Aí eu apresentei pra ele o meu currículo histórico escolar, tudo, ele viu que era... mecânico de avião, tinha turbina, tudo, tinha um conhecimento técnico muito bom e que seria aproveitado na companhia. Ele, então, abriu a concessão e me permitiu a inscrição. E dali eu já saí com o cartão de inscrição. Só que eu não tinha nenhum documento. O colega chegou e disse assim, duas fotos. Eu disse, não tenho. Ele disse, mas tem que ter. Aí eu puxei duas carteiras que eu tinha, uma do clube da aeronáutica e outra coisa. Me deu uma tesoura. Cortei e preguei a foto. E aí saí com o cartão de inscrição, me comprometendo em trazer o resto da papelada no final da tarde. E assim eu fiz. Isso foi em dezembro de 1987. Eu trouxe a papelada, confirmei a inscrição e pensei que daqui uns 30 dias era um concurso. Aí quando eu fui receber o cartão definitivo, ele disse que o concurso era depois da manhã. E aí eu, de certa forma, ao mesmo tempo estava satisfeito, me inscrevi e ao mesmo tempo fiquei triste, disse, poxa vida, mas aí eu não estou preparado, como é que eu faço? Aí havia me lembrado que um colega que fez escola especialista de aeronáutica comigo, ele tinha saído da aeronáutica e tinha prestado um curso em Petrobras e que, coincidentemente, também estava trabalhando em Natal. Eu fui procurá-lo lá dentro da Petrobras e encontrei, que é o operador de produção Belo, que é um grande amigo, é um irmão praticamente, hoje está trabalhando lá. se não me engano era no antigo DT Sul, lá em São Francisco do Sul. E ele... eu digo melhor o seguinte, só tem um dia onde é que tá aquele livro da escola que tem desenho técnico, tudo, mecânica. Ele disse, rapaz, tá na casa do meu pai aqui em Natal e deve estar guardado lá num baú. E assim eu fiz, fui na casa do pai dele, peguei aqueles livros, estudei quinta, né? Sexta, o resto de quinta, sexta e sábado eu fui prestar concurso, né? Eram 30 vagas só pra mecânico e tinham escrito se não me engano, 172 pessoas, e eu passei com o 13º colocado, que fui informado posteriormente. Aí segui minha viagem para Recife, depois de uns três meses, passaram um telegrama dizendo que eu tinha sido aprovado e que aguardasse que ia ser chamado para examinar. Então, eu levei praticamente seis meses para concluir todos esses exames, que eu vinha de vez em quando a Natal, e toda a vida que eu tinha que sair de Natal, eu tinha que inventar uma história, matar uma tia lá em Natal, porque militar para sair do estado onde ele presta o serviço. ele tem que justificar, e como eu não podia justificar que estava entrando em um emprego novo, porque eu já estava empregado, eu matava a pobre da tia da minha esposa, né? E o meu chefe na época, o Major Taxita, já estava meio esquisito com essa história, disse, pô, essa tia não tem marido, não, senão é viúva, não tem ninguém que possa tratar, eu digo, não, só eu aqui mais próximo. Final da história, quando foi em final de 87, né? Houve um, aliás, mito. No final de 88, quer dizer, em janeiro de 89, já iria fazer dois anos, o concurso iria perder a validade. Aí houve uma greve grande na Petrobras e chamaram algumas pessoas. E eu fui uma delas. Eu tava de carro, o carro arrumado, com o malo arrumado. Eu ia saindo de férias para Aracaju e Salvador. Eu ia passar 30 dias fora viajando. Exatamente na véspera da viagem, com o carro já arrumado, me ligaram em Natal dizendo que eu comparecesse em 48 horas pra poder trabalhar. E então eu mudei de rota. No dia seguinte, em vez de ir para Aracaju, fui com a mulher e o menino pra Natal. Nos hospedamos lá na carro da tia dela, né? Lá. E fui na Petrobrás e já voltei com o crachá da Petrobrás e a carteira de trabalho. Deixa que eu ainda era sargento aeronáutica. Isso aí você vai me perguntar, como é que tu fez para entrar dizendo que estava em outro emprego? Na realidade, eu menti. Aquela metida saudável que a gente tem que fazer de vez em quando porque a gente não pode perder as oportunidades da vida. Eu estava, ao mesmo tempo, com medo de sair da aeronáutica porque era um emprego federal, estável, onde eu morava numa vila, num condomínio fechado, com segurança, tudo. Morava em Boa Viagem, olhando do meu quarto eu via a Praia de Boa Viagem, um local super confortável, para ir trabalhar em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Então eu estava com medo, né? É uma decisão muito difícil. Aí eu disse, eu mesmo redigi uma declaração dizendo que a Petrobras, a Aeronáutica estava autorizando eu entrar, né? E assim eu fui admitido, né? De imediato eu viajei com a família para Mossoró, onde lá eu aluguei uma casa, nos instalamos, né? E só para você ter ideia, assim, da disparidade, como eu estava apostando na Petrobras, naquela época eu ganhava R$ 570,00. Eu não sei se era Cruzados ou Cruzeiros 9, não sei, era tanta mulher que a gente já passou. E eu fui ganhar, na realidade, 252, pagando aluguel de 130, né? Então, eu apostei, eu acertei com a minha esposa que nós iríamos, como de lá no Ceará, comer o pão que já amassou, né? Durante três anos, porque a gente era o futuro da gente. E, na realidade, com menos de seis meses, houve um aumento salarial na Petrobras e o meu dinheiro já estava praticamente igual, igual ao da aeronáutica. E, para a minha surpresa, logo depois, pelo grande desempenho que eu tive lá desde o início, que eu entrei em Mossoró, como mecânico na área de suprimento, porque naquela época a área de suprimento ela não tinha o pessoal da área técnica, ela era considerada uma área de apoio administrativo, e não um apoio técnico operacional como ela é hoje. Então eu disputava eletricista, mecânico, para receber material para conferir. E lá eu passei. Eu entrei, seis meses depois eu fui convidado para ser supervisor. E de lá até hoje eu sou supervisor de equipe. Onde depois em 1991, onde houve um plano de carros de salário, eu passei para a área de suprimento. Até hoje eu estou na área de suprimento nessa companhia. não estou arrependido foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida se eu tivesse hoje lá na aeronáutica sem querer ser o ministério da aeronáutica mas infelizmente em função da política do brasil no que compete as forças armadas eu talvez não teria vivendo tendo o que eu tenho hoje e o conforto e alegria que eu tô dando hoje a minha família mas é isso aí, foi desse jeito que eu entrei na Petrobras.

00:11:09 P/1 - Fala um pouco da tua atividade, o que você faz, o que é ser um supervisor?

00:11:14 R - Olha, na realidade, como eu te falei, eu estou há 14 anos e meio na companhia, desses 14 anos e meio, eu estou praticamente há 14 anos à frente de equipe. E essa função só veio a ser reconhecida na companhia há uns 3 anos atrás, quando ela intitulou a função supervisor. E cada vez mais a companhia vem prestigiando esse empregado que está à frente da equipe, conduzindo aqui. Primeiro, para você ser supervisor, você tem que adorar, você tem que gostar de gente. E eu tenho isso, eu adoro trabalhar com pessoas. Parece até uma hipocrisia, mas pra mim, quanto mais difícil, quanto mais complicado, é melhor. Porque as pessoas, cada qual, tem muita coisa boa pra ensinar a gente. E, às vezes, elas erram, como a gente também erra, porque não foram orientadas ou porque, talvez, não foi bem conduzida, digamos assim. mas é muito gratificante você conduzir pessoas, acima de tudo, porque sem elas a gente não conduz os processos. Então, primeiro a gente tem que fazer com que elas interajam e com que elas consigam formar um time, uma verdadeira equipe, para conduzir os nossos processos, porque não existe condição de processo sem as pessoas. Então, para mim, é muito gratificante. Eu gosto muito de ser supervisor e de ter a minha equipe Como eu sempre tive, atualmente eu estou sendo supervisor do porto enquanto das águas. É um porto que nós temos aqui em Manaus, que dá suporte ao envio de todo o material lá para Urucu, onde fica a nossa produção de óleo e gás, a 650 quilômetros de Manaus. E de lá, a gente manda do frango, iogurte, sorvete, ao papel, à caneta, ao tubo e à válvula. Então, em outras palavras, é tudo o que for necessário para atender uma infraestrutura de aproximadamente 1.500 pessoas que estão lá no meio da selva produzindo óleo e gás. Mas é isso aí.

00:13:14 P/1 - Então você ficou um tempo em Mossoró e de Mossoró você veio pra cá?

00:13:18 R - Foi, na realidade a minha caminhada antes, da Petrobrás pra cá, eu na época tava morando em Recife, passei no concurso, vim pra Mossoró Rio Grande do Norte, onde eu passei oito anos na antiga atualmente o N Rio Grande do Norte, Ceará, onde lá tive a oportunidade de implantar, foi um dos maiores desafios que eu tive nessa empresa, que foi implantar o primeiro centro de distribuição de material da Petrobras. que o desafio era pegar 28 almoxarifados e tornar num só. Que nós tínhamos desde a área marítima lá de Paracuru, que fica no Ceará, até Guamaré, Natal, em Rio Grande do Norte. Então foram 28 almoxarifados, a gente centralizou todos em Mossoró, onde esse trabalho levou praticamente três anos. Eu tive a oportunidade de pegar o terreno no mato e acompanhar esse projeto pronto, inclusive implementando processos. Foram três anos de trabalho árduo, mas muito gratificante, porque hoje eu passo ali e os cabelos da pele sobem um pouco, porque ali tem muita coisa não só do Salles, mas de todos aqueles colegas que ali contribuíram para esse sucesso da nossa companhia. mas tá lá pra comprovar, pra quem der e vier, quem passar lá em Mossoró vai ver o centro de distribuição de material.

00:14:45 P/1 - De Mossoró você veio pra cá?

00:14:46 R - De Mossoró, ao terminar, digamos assim, essa missão, eu sou uma pessoa que gosta muito de desafio. Quanto mais difícil, melhor. Então, já não tinha tanto desafio lá, porque os processos estavam tão bem conduzidos, qualquer pessoa tocaria com certa tranquilidade. Então, eu procurei dentro da companhia, olhando a companhia como um todo naquela época, em 1996, onde teria ganhos para a companhia e dificuldades. Então, naquela época, existia a Macaé, existia aqui o Urucu, a unidade aqui do norte, que estava com alguma deficiência nessa área de material, no que compete essa área de armazenamento, que é o meu conhecimento. Então eu vim pra cá em 1996 e daqui a gente fez um trabalho muito interessante que a gente reestruturou todos os almoxarifados aqui da área, desde Belém, Manaus, Urucu. Então, juntamente com uma equipe muito boa que eu consegui, que não é novidade para essa companhia, você tem grandes cabeças pensantes, cabeças conhecedoras de assuntos. Então, fui buscar colegas lá no Rio de Janeiro, colegas em Salvador, em Aracaju, em Fortaleza, e a gente formou uma grande equipe na comunidade de material, do sistema de subvenção de material, onde a gente fez um trabalho também de três anos, que a gente praticamente reestruturou todos os almoxarifados aqui, de Urucu, que é a grande massa de almoxarifado, fica lá, praticamente 90%. A gente fez um trabalho completo da área material, onde a gente reestruturou totalmente os almoxarifados e hoje é o que está lá. Para quem quiser ver, não perde para nenhum outro almoxarifado dos demais órgãos da nossa companhia. Está no mesmo nível, se não for bem que marketing para alguns.

00:16:42 P/1 - E lá tem que ser muito mais bem organizado porque é longe de tudo, né?

00:16:46 R - É, na realidade a organização é intrínseca já do processo porque não existe almoxarifado se não tiver organizado, né? Mas lá a gente tem que ter muito mais cuidado porque querendo ou não é um almoxarifado diferente. É um almoxarifado no meio da selva e a gente lá tem que estar pensando sempre não só na questão do homem que está lá, mas muito mais na questão do meio ambiente que a gente está interagindo sempre, né? E como a área de material mexe com tudo que é tipo de material, com vários riscos, desde explosivos até produtos químicos perigosos, então a gente está com a antena ligada no que compete isso aí. Faz parte.

00:17:23 P/1 - Tem alguma história curiosa, engraçada, marcante, alguma coisa que você queira lembrar?

00:17:31 R - Você diz assim, ao longo desse tempo?

00:17:33 P/1 - É, o tempo foi o tempo da empresa.

00:17:36 R - Olha, eu sinceramente, as grandes histórias marcantes, digamos assim, dentro dessa companhia, sem dúvida foram o sucesso dos trabalhos que a gente realizou. Eu diria dois trabalhos que marcaram assim, Na minha vida profissional, aqui dentro da companhia, foi a implantação do centro de distribuição de material, que foi o primeiro dentro do Brasil. Logo depois veio o de Macaé, que foi o segundo que nós temos. Foi muito interessante poder contribuir com esse trabalho, porque eu peguei desde o alicerce junto com a minha equipe até a conclusão das obras e colocação dos 28 almoxares lá dentro, onde a gente teve um ganho significante na época. Esse é uma coisa que ficou. Com certeza, se hoje Deus me levar, alguns colegas que passaram lá em Mossoró, que foram lá no centro de distribuição, que vão se lembrar do Salles, assim como da minha equipe, que participei naquela época. E aqui também, é muito interessante a gente fazer aquilo que gosta. Eu gosto muito dessa área de material, e aliado a essa área de material, de conduzir pessoas e processos. E aqui eu diria que também há reestruturação desse almoxarifado. E hoje, para mim, eu te diria que eu estou vivendo um outro momento, como é de praxe, a vida é muito contingencial, que é um desafio que eu peguei último, que foi reestruturar o Porto do Encontro das Águas. E o Porto do Encontro das Águas, eu entrei em outubro de 2000, vamos fazer agora em outubro, três anos que eu estou à frente lá da equipe, E quem viu o Porto em outubro de 2000 e está vendo hoje, eu não preciso falar nada, porque as fotos do antes e depois já dizem, e o comentário das pessoas é muito interessante. Mas o bom de tudo isso é que esse trabalho todo, todo esse sucesso que a gente está tendo de melhoria, não foi só, digamos assim, a condução da supervisão do Salles. Na realidade, foi aí um trabalho de muita gente em conjunto, desde a minha equipe, propriamente dito lá, que eu sempre estou colocando o nome deles na frente, porque sem eles a gente não teria sucesso. Assim como os nossos parceiros aí, o pessoal da área de engenharia, o pessoal da área de transporte, que está sempre lá junto com a gente, interagindo, ajudando também para esse sucesso. Então, eu te diria que seriam três coisas interessantes que marcaram a experiência. Foi o centro de distribuição, lá em Mossoró, a reestruturação dos almoxarifados, quando eu cheguei aqui, e agora, eu estou dando esse projeto como concluído até o final desse ano, mas praticamente agora a gente está conseguindo enxergar isso muito bem, é a reestruturação do porto em conta das águas.

00:20:44 P/1 - E o que é para você ajudar a construir essa empresa e estar ajudando no desenvolvimento do país?

00:20:52 R - Olha, na realidade, desde a minha vida, digamos assim, profissional, porque na realidade eu não sou tão velho assim como pensam, apesar desse cabelo branco, eu só tenho 42 anos de idade, Na realidade, os meus empregos que eu tive, na realidade foram dois, mas antes, digamos assim, de ser da Aeronáutica e Petrobras, eu, na realidade, o meu pai tinha comércio e eu me lembro, assim, que... Com meus seis anos de idade, eu já trabalhava. O meu pai tinha um mercadinho e eu ficava lá, pelo menos avisando a minha mãe que estava chegando gente, já que eu não podia atender. E depois, para mim, quando eu comecei a entrar em uma empresa para trabalhar, eu tive uma ligação muito forte de sempre trazendo alguma coisa para alguém. Então, por exemplo, na aeronáutica, eu trabalhava na Força Aérea, num esquadrão, que era de busca e salvamento. Então, eu era acionado para salvar vidas. A gente ficava lá em Recife, Cidade da Recife, e eu salvei vidas aqui no Norte. A gente vinha buscar gente aqui em Boa Vista, em Porto Velho, em Cruzeiro do Sul, para levar para São Paulo, para Fortaleza, para salvar essas vidas dessas pessoas. Então, é muito gratificante quando você faz alguma coisa para gratificar alguém, você salvar alguém. E na Petrobrás não ficou muito distante disso, porque a Petrobrás, ela me trouxe um pouco daquele patriotismo que o militar tem muito, que eu aprendi e convivi com aquilo. É tanto que, recentemente, a gente colocou uma bandeira do Brasil lá no Porto das Águas, que é esse sentimento de pátria que a gente tem, que o militar aprende, a gente gostar do país, amar a bandeira da gente. E aqui eu me sinto muito pátria porque a Petrobras por si só, ela já se define o próprio nome como uma empresa brasileira, uma empresa puramente brasileira e desde que começou nos seus 50 anos de idade aí, só é sucesso. E é muito interessante saber que quando eu tô mandando material aqui do PEA junto da minha equipe lá por Urucu e que quando eu vejo os navios chegando lá da janela da minha sala, vindo de Urucu já cheio de petróleo e de gás para descarregar aqui na refinaria, aquilo dá uma alegria muito grande porque eu sei que aquilo ali vai se tornar matéria-prima de alguns outros produtos que vão servir para todos nós. A gente só pensa na gasolina porque é o importante, o diesel, mas com certeza cada produto que tem aqui nessa sala, desde o filme, essa mesa, essa cadeira, com certeza tem uma participação do petróleo que eu, mais os meus colegas, a gente colocou para poder tornar tudo isso aí. Então é muito bom, é um orgulho muito grande ser Petrobras. Acima de tudo, indiferente do que você faça, indiferente do quanto você ganha, certo? Isso aí não tem valor. É assim uma coisa que nesse momento agora eu estou todo arrepiado.

00:24:13 P/1 - E o que você acha de ter participado desse projeto? E o que você acha do projeto em si? Uma parceria dos sindicatos da Petrobras para contar a sua história, não é? A história da empresa, mas pela visão dos seus trabalhadores.

00:24:28 R - Olha, sem dúvida eu fico muito honrado, né? Honrado e ao mesmo tempo muito gratificado porque é um reconhecimento, é uma forma de reconhecer tudo isso que eu te falei. Porque não é isso, não é o dinheiro em si que vem a pagar necessariamente essa recompensa. Mas são momentos pequenos como esse que vem, digamos assim, prestigiar tudo aquilo que a gente fez por essa companhia. É uma pena que, pelo tamanho que essa empresa seja, ou, aliás, que é, que a gente não possa colocar à frente dessa câmara aqui cada um dos seus 34 mil empregados, porque com certeza seria assim um acervo pra gente ler e conhecer os próximos 50 anos e não terminar, certo? Infelizmente, porque seria impraticável, né? Mas, sem dúvida, de muito que eu falei aqui, tem participação de todos, né? que me ajudaram, fazendo parte da minha equipe. E aqui eu tô falando, quem sabe não, com certeza, muita coisa em nome deles, muita coisa que eu sinto hoje, eles também sentem. De todos aqueles que fizeram parte, não são colegas. são amigos, são irmãos Petrobras, certo? Então, é muito gratificante participar num projeto desse, não tenha dúvida, né? Eu fiquei muito satisfeito em ter sido indicado pela alta administração, porque, sem dúvida, é sinal que o trabalho da gente, ele se destaca um pouco do normal e, com certeza, é um grande reconhecimento. Eu estou muito satisfeito e feliz.

00:26:09 P/1 - Bom, eu queria te agradecer o teu depoimento.

00:26:12 R - Tá bom.

00:26:12 P/1 - Obrigada.

00:26:13 R - Tchau.