MINHA AVÓ FICOU VIÚVA, AOS 35 ANOS, COM DEZ FILHOS...
Minha avó morava numa fazenda no Castanhal, no Siriri,e meu avô trabalhava no carro-de-boi. Ele sempre falava que nunca queria esse ofício para os filhos.Então, quando ele faleceu a minha avó veio pra Aracaju. Uma pessoa alugou um quartinho pra ela. Imagine: 35 anos, viúva, morando num quartinho com dez filhos!
Antigamente tinha esse negócio de dar o filho pra alguém criar, né? E muitas pessoas quiseram, inclusive a minha mãe, que era muito esperta, e a minha avó disse que não, que ia criar os dez, e assim ela fez. Criou os dez filhos sozinha e, graças a Deus, todos estão bem, ninguém partiu pra um lado negativo. Ao chegar em Aracaju, pra obter uma renda, ela começou a vender
beiju, pé-de-moleque, vendia pé-de-moleque no antigo Cinema Vitória e vendia também no Carrossel do Tobias, e assim ela criou os dez filhos.
Minha avó era prima do Mestre Euclides, e gostava de brincar o folclore, e, assim, a lembrança que eu tenho de minha avó é que todos os dias o meu pai e a minha mãe passavam lá, para a gente ‘dar a benção’ a ela. Ela morava no Bairro Cirurgia, a casa ainda existe, e ela ficava sentadinha – a casa era, assim, de corredor – e ela ficava sentadinha numa cadeira de balanço, porque ela era uma senhora doente, ela tinha ‘barriga d’agua’ e vivia internada, muitas vezes, fraquinha, e todos os dias nós íamos lá pra ‘dar a benção’, todos os filhos,
primos, sobrinhos, netos, todos chamavam ela de ‘MAMÃE!’... aí ela beijava a nossa mão, a gente beijava a mão dela, em seguida ela dizia: ‘Cadê o chêirinho de mômô?’, e a gente baixava a cabeça e ela dava um ‘Xêro’ na cabeça da gente. Essa é uma imagem que está muito forte na minha mente, bem clara, eu vejo todo o cenário, quando lembro da minha avó. Foi uma guerreira, né? ...e quando as coisas apertavam, às vezes faltava a ‘mistura’, ela não ia pedir, não! Ela ia ali, na...
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MINHA AVÓ FICOU VIÚVA, AOS 35 ANOS, COM DEZ FILHOS...
Minha avó morava numa fazenda no Castanhal, no Siriri,e meu avô trabalhava no carro-de-boi. Ele sempre falava que nunca queria esse ofício para os filhos.Então, quando ele faleceu a minha avó veio pra Aracaju. Uma pessoa alugou um quartinho pra ela. Imagine: 35 anos, viúva, morando num quartinho com dez filhos!
Antigamente tinha esse negócio de dar o filho pra alguém criar, né? E muitas pessoas quiseram, inclusive a minha mãe, que era muito esperta, e a minha avó disse que não, que ia criar os dez, e assim ela fez. Criou os dez filhos sozinha e, graças a Deus, todos estão bem, ninguém partiu pra um lado negativo. Ao chegar em Aracaju, pra obter uma renda, ela começou a vender
beiju, pé-de-moleque, vendia pé-de-moleque no antigo Cinema Vitória e vendia também no Carrossel do Tobias, e assim ela criou os dez filhos.
Minha avó era prima do Mestre Euclides, e gostava de brincar o folclore, e, assim, a lembrança que eu tenho de minha avó é que todos os dias o meu pai e a minha mãe passavam lá, para a gente ‘dar a benção’ a ela. Ela morava no Bairro Cirurgia, a casa ainda existe, e ela ficava sentadinha – a casa era, assim, de corredor – e ela ficava sentadinha numa cadeira de balanço, porque ela era uma senhora doente, ela tinha ‘barriga d’agua’ e vivia internada, muitas vezes, fraquinha, e todos os dias nós íamos lá pra ‘dar a benção’, todos os filhos,
primos, sobrinhos, netos, todos chamavam ela de ‘MAMÃE!’... aí ela beijava a nossa mão, a gente beijava a mão dela, em seguida ela dizia: ‘Cadê o chêirinho de mômô?’, e a gente baixava a cabeça e ela dava um ‘Xêro’ na cabeça da gente. Essa é uma imagem que está muito forte na minha mente, bem clara, eu vejo todo o cenário, quando lembro da minha avó. Foi uma guerreira, né? ...e quando as coisas apertavam, às vezes faltava a ‘mistura’, ela não ia pedir, não! Ela ia ali, na praia Formosa, na 13 de Julho, catar caranguejo pra vender. E assim, ela criou os dez filhos e eu tenho muito orgulho da história da minha avó, como também tenho muito orgulho da história da minha mãe. São duas guerreiras, né? Domitila Maria de Jesus e Agripina dos Santos!
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