SIMPLESMENTE ZIZI
Dona Zizi, nascida em São José da Caatinga, Japaratuba,Sergipe, em 1923, era mulher incomum, pois, antes da década de setenta raramente as mulheres casadas trabalhavam fora de casa, salvo como doméstica das famílias abastadas ou em serviços similares. D. Zizi era a líder na família e agregava em torno dela pessoas do local onde morava, dado o carisma que possuía. Tinha espírito empreendedor e, praticamente, o progresso social e econômico da família decorreram das suas inciativas. Seu Marido, Júlio, nascido no mesmo povoado, reconhecia nela estas características. Assim foi quando decidiu sair do local de nascimento e ir para Maruim e depois para a capital, Aracaju, levando a família. Dentre as atividades que desenvolveu como figura popular bastante conhecida na comunidade em que passou grande parte do seu tempo, região entre o bairro Dezoito do Forte e Santos Dumont, foram de feirante e, por pouco tempo, organizadora de passeios, comum numa época em que se fretava ônibus para ir às praias locais. A atividade de doceira certamente foi marcante- Todas as guloseimas conhecidas em Sergipe, feitas à base de milho e mandioca ela dominava as receitas. O pé-de-moleque se constituiu na sua marca registrada, tamanho o capricho, tanto no sentido gustativo, quanto estético. O biótipo de D. Zizi estava perfeitamente inserido no caldeirão étnico brasileiro. A partir do seu irmão único, podia-se ter ideia de que o seu pai era um típico cafuzo: reunião de traços de indivíduos originários brasileiros e africanos. Sua mãe, uma mulher de pele, olhos e cabelos claros, guardava todas as características dos diversos povos europeus que ocuparam a península ibérica. Segundo depoimentos de parentes, o relacionamento entre os pais de D. Zizi não era aceito, sob o argumento de ele ser um homem estrangeiro, saveirista baiano, e que não passava muito tempo fixo em um local. Na verdade, a cor da pele era o real e principal motivo. D....
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SIMPLESMENTE ZIZI
Dona Zizi, nascida em São José da Caatinga, Japaratuba,Sergipe, em 1923, era mulher incomum, pois, antes da década de setenta raramente as mulheres casadas trabalhavam fora de casa, salvo como doméstica das famílias abastadas ou em serviços similares. D. Zizi era a líder na família e agregava em torno dela pessoas do local onde morava, dado o carisma que possuía. Tinha espírito empreendedor e, praticamente, o progresso social e econômico da família decorreram das suas inciativas. Seu Marido, Júlio, nascido no mesmo povoado, reconhecia nela estas características. Assim foi quando decidiu sair do local de nascimento e ir para Maruim e depois para a capital, Aracaju, levando a família. Dentre as atividades que desenvolveu como figura popular bastante conhecida na comunidade em que passou grande parte do seu tempo, região entre o bairro Dezoito do Forte e Santos Dumont, foram de feirante e, por pouco tempo, organizadora de passeios, comum numa época em que se fretava ônibus para ir às praias locais. A atividade de doceira certamente foi marcante- Todas as guloseimas conhecidas em Sergipe, feitas à base de milho e mandioca ela dominava as receitas. O pé-de-moleque se constituiu na sua marca registrada, tamanho o capricho, tanto no sentido gustativo, quanto estético. O biótipo de D. Zizi estava perfeitamente inserido no caldeirão étnico brasileiro. A partir do seu irmão único, podia-se ter ideia de que o seu pai era um típico cafuzo: reunião de traços de indivíduos originários brasileiros e africanos. Sua mãe, uma mulher de pele, olhos e cabelos claros, guardava todas as características dos diversos povos europeus que ocuparam a península ibérica. Segundo depoimentos de parentes, o relacionamento entre os pais de D. Zizi não era aceito, sob o argumento de ele ser um homem estrangeiro, saveirista baiano, e que não passava muito tempo fixo em um local. Na verdade, a cor da pele era o real e principal motivo. D. Zizi perdeu os pais logo cedo, quando tinha em torno de 5 anos. Foi criada pela tia, de nome Maricas. Casou-se com Júlio da Cruz, com quem teve sete filhos, sendo cinco mulheres e dois homens. O artista visual Antônio da Cruz é o mais velho dos dois.
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